Pedro Sodré*
O ano de 2017 foi marcado por uma
ascensão das lutas no nosso país. As forças populares conseguiram se organizar
e se colocaram nas ruas contra o governo ilegítimo de Temer e seu pacote de
Reformas de maneira enfática durante quase todo o ano. E mesmo com a
sintomática traição de classe protagonizada pela cúpula das centrais sindicais
– CUT, CTB, Força Sindical e etc. – que teve seu ponto máximo na Greve Geral do
30 de Junho, os setores mais consequentes do movimento popular, entre eles o
PCB, que estão realmente comprometidas com a vitória da classe trabalhadora
contra o ilegítimo governo Temer puderam ser vistos com suas bandeiras
hasteadas de norte a sul do nosso país, realizando piquetes, fazendo a
propaganda de seus programas, dialogando com os trabalhadores e resistindo no
enfrentamento ombro a ombro.
Passado um mês da chegada do novo ano,
já nos deparamos com novas necessidades, assim como novos desafios. O governo
puro sangue da burguesia, materializado na figura do Sr. Michel Temer, possui
uma tarefa principal para o próximo período: aprovar a Reforma da Previdência.
É evidente que a burguesia irá se utilizar de todos os meios possíveis para
conseguir tal aprovação – não somente porque são maus-caráteres, corruptos ou
bandidos; mas sim porque essa é uma necessidade real para que a divisão da
sociedade em classes continue “funcionando” com os trabalhadores pagando as
contas com sua própria carne e sangue e a burguesia continue se lambuzando com
os lucros.
A classe trabalhadora possui também a
sua principal e irremediável tarefa para o próximo período: derrotar o governo
Temer na batalha contra a Reforma da Previdência. Qualquer outra mínima
sugestão de que a nossa principal preocupação no presente momento seja algo
diferente disso é uma traição de classe e um ponto à favor da burguesia.
Sabemos que essa não é, entretanto, a realidade que observamos a nossa frente.
A oportunista transformação de atos e manifestações contra as Reformas e o
governo Temer em palanques eleitorais foi uma realidade durante 2017. Os
setores reformistas se negam a enxergar a real necessidade do momento e jogam
constantemente a vida e a sobrevivência dos trabalhadores e trabalhadoras para
segundo plano quando o assunto em jogo é a sua permanência institucional na
apodrecida política burguesa.
Não devemos nos iludir: os
cancelamentos e adiamentos das votações na Câmara quando o assunto são as
Reformas não foram realizados por conta da pressão do movimento de massas
somente; esses breves recuos na votação dessas Reformas são, em primeiro lugar,
fruto dos conflitos e contradições internas entre os diversos setores da
burguesia envolvidos nesse processo; e, em segundo lugar, a necessidade que os
deputados e senadores possuem de permanecer nas graças da população nas
vésperas do período eleitoral.
Um erro tático que também já evidencia
suas limitações pŕaticas é o de querer colocar o pé na rua apenas no dia em que
está marcada a votação dessa ou daquela Reforma na Câmara; pensar e agir por
esses caminhos mostra a limitação analítica dos setores reformistas, que negam
o fato de que, uma vez alcançado, através de negociatas espúrias, o número de
votos necessários para a aprovação de qualquer medida, não há hoje no Brasil
movimento popular que consiga fazer frente e impedir tal desastre. Para a
quadrilha de representantes da burguesia que se encontra encampada no Planalto
pouco importa a presença das massas na rua, seja nos dias de votação, seja em
qualquer outro dia. Os atos e manifestações contra a Reforma da Previdência não
devem se limitar a um fim prático imediato somente; eles devem ser caminhos
para a eclosão consequente do movimento de massas.
Tal constatação, entretanto, não pode
ser um impeditivo prático ou um balde d’água fria para a continuidade de nossas
ações frente às ofensivas da burguesia. O fato é que nossa mobilização deve ser
planejada, incesante e implacável. Não devemos nos perder frente ao turbilhão
de acontecimentos e cortinas de fumaça; a objetividade e a consciência de nossa
tarefa histórica e condição básica para nossa vitória na luta de classes. Para
isso, devemos nos atentar para os movimentos que realiza a burguesia e seu
representante máximo nesse processo: o ilegítimo usurpador Michel Temer.
No apagar das luzes do centenário da
Revolução Russa, a burguesia se reorganizou e traçou planos para radicalizar
sua ofensiva contra nós, trabalhadores e trabalhadoras. Tal elemento se
evidencia nas recentes aparições de Temer em programas de auditório nos
horários nobres da televisão aberta – Silvio Santos (domingo, 28/01), Ratinho
(segunda, 29/01) e Amaury Júnior (sábado, 27/01). A necessidade de uma
radicalização ideológica para angariar apoio na aprovação da Reforma da
Previdência se tornou uma condição para Temer avançar no cumprimento de sua
tarefa. Esse passo reforça a constatação de que é necessário o mínimo de
popularidade e de segurança dos parlamentares para que eles possam, mais uma
vez, pagar as contas da burguesia com a magra e desnutrida carne crua dos
trabalhadores. Exemplo disso é que no Programa do Ratinho, Temer solicitou que
a população mandasse cartas aos deputados e senadores para encorajá-los a
pautar a Reforma da Previdência no Planalto; tenta-se reafirmar, a todo
momento, que a já descreditada democracia burguesa e sua vazia
representatividade podem responder aos anseios da maioria da população e, mais
especificamente, da classe trabalhadora.
Essa inundação de propaganda
pró-Reforma ainda irá tomar mais espaço na mídia nos próximos meses. O
periódico burguês “Folha de S. Paulo”, no ‘Painel’ do dia 30/01 afirmou que
“Numa última tacada para reduzir a rejeição à reforma da Previdência, o governo
Michel Temer vai veicular a partir do dia 5 de fevereiro uma nova rodada de
propagandas em defesa das novas regras. Três filmes serão produzidos para a
televisão, além de peças para as redes sociais.” Fazem de tudo para enfiar
guela abaixo da população uma demanda que não faz parte das nossas reais
necessidades de classe. Não precisamos de Reforma da Previdência ou de mandar
cartas para parlamentares latifundiários, banqueiros e assassinos. Precisamos
de Pão, Trabalho, Terra e Moradia.
Assim, o desafio imediato para as
forças que realmente se preocupam com a derrota das Reformas de Temer é
responder a ferro e fogo os ataques da burguesia nessa trincheira ideológica
que se alarga cada vez mais. A ilusão institucional deve ser combatida e
rechaçada em nossas frentes de organização, nas manifestações e atos e nas
entidades; a prioridade do movimento popular deve ser o enfrentamento imediato,
em todas as trincheiras, à Reforma da Previdência. Uma vitória eleitoral desse
ou daquele partido no interior da institucionalidade burguesa em nada se
compara a uma vitória de toda a classe trabalhadora no enfrentamento à
burguesia.
Ilustração: Comissão de Agit&Prop
do PCB
*Militante do PCB de Minas Gerais
APOIO: PCB (PARTIDO COMUNISTA BRASILEIRO) DE GARANHUNS/PE
Não dá pra relaxar diante das notícias que circulam do arquivamento da tal reforma da previdência. Há divergências táticas, se deve ou não encaminhar neste momento, qual deve ser o valor do voto...porque no essencial a maioria dos parlamentares estão do lado dos golpes que vem sendo empreendidos contra a classe trabalhadora. Outra questão é que os parlamentares, em sua maioria comprometidos com estas reformas, sabem que o "valor"de seus votos existem se eles tiverem mandato, porque sem mandato, mal são recebidos nos salões dos "ratos"que os acolhem... Portanto, sabem que a memória de boa parte do povo brasileiro não guarda o que os parlamentares fazem, mas o tempo é muito curto entre agora e as eleições, e além disso o ilegítimo, por mais que tente, inclusive indo aos programas populares, é se expor ao ridículo, e não ganha popularidade alguma. E ainda sabem os parlamentares que esta é uma questão que mexe com muita gente e que pode sim, o movimento popular reagir mais fortemente e ganhar as ruas em protesto. Vão talvez por questões táticas retirar a proposta para colocar em votação quando tiver todos os votos sacramentado$$$$... É assim que funciona a frágil democracia brasileira.
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