No bom
livro do professor e escritor Cláudio Gonçalves de Lima, “A Cobertura
Jornalística da Hecatombe de Garanhuns”, fica muito claro que o juiz de direito
da cidade, Abreu e Lima, e o responsável pela segurança do município,
tenente Meira Lima, foram dois dos
maiores responsáveis pela tragédia de 1917.
Mais de
duas de dezenas de pessoas foram assassinadas em Garanhuns, depois da morte do Coronel
Júlio Brasileiro, metade delas de uma só vez, dentro da cadeia pública, numa “armadilha”
urdida com o aval do juiz e do policial.
Numa carta
de Clotilde Ivo, publicada no Diário de Pernambuco, à época de Hecatombe e
reproduzida no livro de Cláudio, são mencionados os nomes dos principais
envolvidos no fato ocorrido na Suíça Pernambucana, 101 anos atrás.
Antônio
Rosa, Alfredo Brasileiro, Eutichio Brasileiro, José Vianna o juiz Abreu e Lima
e o tenente Meira estão entre os citados.
Clotilde,
parente de Satyro Ivo, também vítima da Hecatombe, chama o tenente Meira Lima,
com muita revolta, de “infame e traidor”.
Todos
esses foram a julgamento e alguns receberam penas bem pesadas.
Ana
Duperron, viúva de Júlio Brasileiro, também envolvida diretamente no plano da
chacina, foi absolvida, passou a morar em Bom Conselho, onde morreu com quase
100 anos de idade. Está enterrada lá, na Terra de Papacaça, enquanto o marido e
a maioria das vítimas da Hecatombe foram sepultados em Garanhuns.
Júlio
Brasileiro foi assassinado num gesto pessoal do capitão Salles Vila Nova (que havia sido surrado por gente do coronel), mas
parentes e amigos do deputado (eleito prefeito de Garanhuns duas vezes) botaram
na cabeça que tinha havido um complô dos inimigos políticos e partiram para uma
vingança cega e brutal, matando covardemente mais de uma dezenas de inocentes,
dentre eles comerciantes, agropecuaristas, um médico e políticos.
Tudo isso
e muito mais está no livro de Cláudio, escrito a partir do que publicaram
vários jornais do Recife em meados de janeiro de 1917.
Chama a
atenção que ontem, como hoje, nem sempre a justiça e a polícia estão a serviço
da ordem e do bem comum.
Se Meira
Lima e Abreu e Lima tivessem cumprido seus deveres de policial e juiz este fato
triste da história de Garanhuns não teria acontecido.
Quando as autoridades se aliam a bandidos (cangaceiros, naquele tempo) dá nisso: na barbárie.
Quando as autoridades se aliam a bandidos (cangaceiros, naquele tempo) dá nisso: na barbárie.
Por enquanto, basta um exemplo. Um fato ocorrido 40 anos depois da tragédia de Garanhuns: - O mata-mata na Assembleia Legislativa de Alagoas, no dia 13 de setembro de 1957, uma sexta-feira. Foram cerca de 1.200 tiros, em pouco mais de dez minutos. Humberto Mendes foi morto. Cinco deputados ficaram feridos. E o corresponde de “O Globo”, Márcio Moreira Alves, com um tiro na coxa direita que lhe partiu o fêmur; foi operado às pressas e escapou. – E onde os deputados bandidos foram encontrar abrigo à noite: no 20º Batalhão de Caçadores (quartel do Exército), no bairro Farol – Maceió. – Depois, conto mais e melhor.
ResponderExcluirRETIFICAÇÃO: - Márcio Moreira Alves era do Correio da Manhã (jornal carioca). Do jornal O Globo (também do RJ) estavam em Maceió o repórter Bernardino de Carvalho e o fotógrafo José Manuel Vasco. - Isso consta do livro: "Curral da Morte", de Jorge Oliveira. (Editora Record - Edição 2010.)/.
ResponderExcluir