O jornalista e historiador Paulo César Araújo escreveu uma reportagem
especial para a Folha de São Paulo sobre a perseguição do governo militar ao
ex-presidente Juscelino Kubitschek, que governara o Brasil de 1956 a 1961.
É impressionante a semelhança do que fizeram com JK, com o que estão
fazendo agora com o ex-presidente Lula.
Depois que deixou a presidência, Juscelino foi eleito senador e era o
nome mais forte para a eleição nacional de 1965.
Em 1963, uma pesquisa do Ibope mostrou preferência disparada da população
brasileira pela volta do ex-presidente.
Ele somava 43% das intenções de voto, muito distante de outros pretendentes ao gabinete
principal do Palácio do Planalto.
Os militares, com apoio da grande imprensa, entre eles o jornal O Globo,
Folha e Estado de São Paulo, além de outros veículos de comunicação espalhados
pelo país, começaram uma campanha da desmoralização de Juscelino, acusando-o de
corrupção.
Juscelino foi acusado até de ter comprado um apartamento tríplex em
Ipanema, área nobre do Rio de Janeiro. O imóvel pertencia na verdade a
Sebastião Paes de Almeida, seu ex-ministro da Fazenda, um homem muito rico.
Vasculharam a vida de JK como puderam, mas não encontraram dinheiro em
suas contas nem no Brasil ou no exterior.
Mas todo santo dia um dos jornalões da época vinham com uma manchete
levantando suspeitas sobre o ex-presidente.
Então o marechal Castelo Branco, primeiro presidente após o golpe militar
de 64, cassou os direitos políticos de Juscelino Kubitschek, que ficou impedido
de concorrer a qualquer cargo político e não voltou ao Planalto, como desejava o
povo brasileiro.
O ex-presidente morreu num acidente muito suspeito, na Via Dutra e muitos
até hoje estão convencidos de que ele foi assassinado.
Naquele tempo, juízes e promotores não se metiam em nada, estavam também
amordaçados e um general quatro estrelas resolvia tudo com uma canetada.
O que está acontecendo com Lula, é semelhante ao que ocorreu a Juscelino
e mesmo a Getúlio Vargas, que teve de se matar, perante a pressão e as
acusações diárias de corrupção.
A farsa se repete: os nomes são outros, mas a imprensa, os empresários e
os Estados Unidos exercem o mesmo papel de 60/70 anos atrás.
O que temos de novo, talvez, seja esse poder exagerado do Judiciário e do Ministério
Público.
Nas décadas de 50 e 60 eles eram subservientes, apenas obedeciam aos
militares, como a maioria.
Hoje o espetáculo não é comandado pela farda, mas pela onipotente TV
Globo, que por sinal teve sua sede invadida, no Rio de Janeiro, no último dia 24, logo após a condenação
de Lula pelo TRF-4.
A reportagem completa de Paulo César Araújo, na Folha, você pode ler aqui:
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