A BAIXARIA DE JARBAS E FERNANDO BEZERRA COELHO

A troca de ataques entre o deputado Jarbas Vasconcelos e o senador Fernando Bezerra Coelho é de uma baixeza que envergonha Pernambuco.

Nem nas cidades pequenas aqui de região, como Capoeiras, Brejão ou Jupi jamais se viu tantas torpeza, mesmo na época de campanhas políticas.

Jarbas chamou Fernando de traidor e adesista, o que não representa propriamente uma inverdade e fez outras críticas ao ex-prefeito de Petrolina, que não gostou dos ataques e respondeu de forma dura ao colega de partido, de quem foi aliado em outras campanhas.

Para FBC, Jarbas Vasconcelos é um político movido pelo ódio, que depois de ter sido o maior inimigo de Eduardo Campos, “rastejou” atrás dele para ter uma sobrevida política.

O político sertanejo foi lá atras: disse que Jarbas traiu Arraes já em 1982, quando impediu sua candidatura ao Governo do Estado.

E lembrou a dura disputa política do Recife em 1985, quando Vasconcelos venceu Sérgio Murilo por 25 mil votos de diferença, chamando o adversário de assassino em praça pública.

Na verdade, em 82 a campanha de Marcos Freire ao Governo se impôs porque era o nome mais forte na época, representava a vontade do eleitorado de oposição. O próprio Arraes, esperto, esperou seu momento e voltou ao Palácio das Princesas na memorável campanha de 1986.

Quanto a ter deixado o PMDB e se filiado ao PSB para disputar a prefeitura da capital, em 85, Jarbas fez isso atendendo a vontade dos peemedebistas autênticos, inclusive de Arraes, e não numa decisão isolada e personalista.

É certo que nessa briga não há santos. Jarbas já cometeu erros históricos, já agiu com radicalismo, já prejudicou companheiros de lutas, como o próprio Marcos Freire e Miguel Arraes, mas tem uma história política que merece ser respeitada.

Foi um deputado estadual corajoso que enfrentou a ditadura, denunciou torturas, defendeu a anistia e a convocação de uma Assembleia Nacional Constituinte.

Jarbas é um dos nomes importantes na luta contra a ditadura.

E Fernando Bezerra Coelho? É filho da Arena, do PDS e do PFL. Mas já passou por quase todos os partidos.

Em 1986 foi líder do Governo Roberto Magalhães na Assembleia, mas terminou rompendo com o PDS para apoiar Arraes. Depois disso já esteve do lado de políticos de correntes políticas completamente antagônicas: esteve com o próprio Jarbas, em 90, quando o seu pai (de FBC) foi o vice na chapa, se aproximou de Lula e foi ministro de Dilma. Hoje tem um filho no ministério de Temer.

Fernando Bezerra se elegeu senador pelo PSB, em 2014, derrotando João Paulo na reta final, por conta da estrondosa vitória de Paulo Câmara para o governo.

Neste momento, o senador sertanejo está na oposição à Câmara e ambiciona disputar o Governo de Pernambuco pelo PMDB.

Está tentando ficar com o comando da sigla em que Jarbas militou, para o bem ou para o mal, uma vida toda.

Se Jarbas Vasconcelos é o político do ódio, do radicalismo, de posições xiitas, Fernando Bezerra Coelho é de um pragmatismo (ou não seria oportunismo?) que espanta.

Com seu vai e vem, FBC dividiu a própria família, no Sertão do São Francisco, e mesmo assim com obstinação tenta ser governador de Pernambuco.

Não será fácil, o eleitorado de Pernambuco, principalmente da Região Metropolitana, não aceitará com facilidade a candidatura de um político com a prática política de Fernando.

Hoje, em Pernambuco, os mais fortes ainda são Paulo Câmara, Armando Monteiro e Marília Arraes.

Mas quem sabe Temer se recupera, cai nas graças do povo e aí Fernando Bezerra se agarra com ele e consegue chegar ao Palácio das Princesas.

*Jarbas e Fernando Bezerra numa foto da Rádio Web Juazeiro. Tudo estava bem na época. Hoje os dois trocas desaforos nas tribunas, pelos jornais e pela internet.