Roberto Carlos, 76 anos, é o cantor mais bem sucedido da
história da música popular brasileira.
Soma 55 anos de carreira (sem contar que fez sua
primeira apresentação pública aos 9 anos, quando cantou na rádio de sua cidade
natal, Cachoeiro do Itapemirim), compôs – a maioria em parceria com Erasmo
Carlos - mais de 600 canções e já vendeu entre 120 e 130 milhões de discos.
No Brasil e em diversos países do mundo o cantor é
conhecido por pessoas de todas as idades. Na atualidade, mesmo sem nada a ver
com o garoto rebelde dos anos 60, aquele que mandava “tudo pra o inferno”, ainda
consegue, apesar da idade avançada, bater recordes de visualização no YouTube.
“Chegaste”, a canção que
compôs o ano passado e gravou com Jennifer Lopes já foi ouvida via internet
por mais de 10 milhões de pessoas.
Quem não conhece uma canção
do Roberto?
A
Distância (gravada também por Ney Matogrosso), Como é Grande o Meu Amor Por
Você, Todos Estão Surdos , As Baleias, O Portão, Esse Cara Sou Eu, Namoradinha de um Amigo meu,
Emoções, Detalhes, Além do Horizonte, Lady Laura, Traumas, Por Amor, Seu eu
Partir, Nossa Senhora, O Progresso, Proposta (gravada também por Zizi Possi), Cavalgada, Os Seus Botões, A
Cigana, Rotina, Aquela Casa Simples, Jovens Tardes de Domingo (gravada também
por Gal Costa), As Curvas da Estrada de Santos (regravada depois por Elis
Regina), As Canções que Você fez pra Mim (regravada por Maria Betânia)...
Dava para encher páginas,
citando só as conhecidas do Rei, que recebeu esse título nos anos 60,
através de um dos maiores comunicadores da televisão brasileira, Abelardo
Barbosa, mais conhecido como Chacrinha.
Mas também tem um Roberto
Carlos menos conhecido, mesmo dos fãs.
Você sabia que o artista
começou imitando João Gilberto, o papa da Bossa Nova, quando gravou um compacto
com duas músicas, em 1959?
No primeiro LP, em 1961,
Roberto ainda seguia os passos do baiano e gravou um disco, “Louco Por Você”,
sem uma definição do estilo que iria lhe consagrar no futuro.
O álbum citado tem samba,
bolero, twist, bossa nova e uma antecipação do que seria o iê-iê-iê.
RC não permite que o disco
seja relançado (embora todo mundo possa ouvir inteirinho pelo YouTube), não se sabe bem o porquê.
Talvez porque nenhuma das 10 canções
é de sua autoria, ou pela capa sem a sua foto ou quem sabe pelo verso ousado da
música “Não é por Mim’:
“...e
se provar que eu fiz você ficar tão triste
eu
saberei que existe um céu, que Deus existe”.
Parece
até uma heresia para o Roberto Carlos que se tornou um católico fervoroso ao
longo da carreira, ou não?
Mas
não são somente as canções de “Louco por Você” que são desconhecidas até pelos fãs
do Rei.
Alguém
sabe que RC, no disco de 1965, gravou uma música intitulada “Os Velhinhos”?
Olha
só como é curiosa a letra da canção:
Quando
a velhice chegar
Eu
não sei se terei
Tanto
amor pra te dar.
Hoje,
vem amor, vem amar
Os
meus lábios esperam
Te
querendo beijar.
Amanhã
estaremos velhinhos
Contaremos
juntinhos
Os
segredos do amor
Os
segredos do amor
Para
os nossos netinhos.
Não
importa se a composição é de José Messias. O fato é que quem a gravou era um cantor em início de
carreira, com pouco mais de 20 anos.
Nos
shows de Roberto quase não há variação do repertório, ele inclui sempre as
preferidas dele mesmo e do público.
Por
isso muita gente não sabe que ele gravou Dolores Duran (Ternura Antiga),
Ataulfo Alves (Amélia), Newton Teixeira e Jorge Faraj (A Deusa da Minha Rua e o
trio Artur Ribeiro-Francisco Trindade-Maxiamiano de Souza (Nem As Paredes
Confesso, mais conhecida na voz de Nélson Gonçalves).
Roberto
também gravou o ótimo compositor paulista Renato Teixeira (Madrasta), bem antes
de Elis Regina fazê-lo conhecido de todo o Brasil ao incluir a música “Romaria”
num dos seus melhores álbuns dos anos 70.
Outro
cantor e compositor que Roberto Carlos gravou, antes dele se tornar um
dos grandes ídolos da música popular, foi o cearense Raimundo Fagner.
“Mucuripe”,
de Fagner e Belchior, está no LP do Rei de 1974.
Roberto
já fez dueto com quase todos os artistas do primeiro time da MPB: Caetano
Veloso, Milton Nascimento, Marisa Monte, Lulu Santos, Alcione, Zeca Pagodinho,
Paula Fernandes, Gal Costa, Maria Betânia, Marisa Monte, Zizi Possi, Tom Jobim,
Ângela Maria, Fafá de Belém, Jota Quest, Almir Sater, Sérgio Reis, Orlando
Silva (em 1976, dois anos antes da morte do “cantor das multidões), Jerry
Adriany, Chitãozinho e Chororó, dentre muitos outros.
Dá
para escrever um livro em cima do tema que estamos tratando. Por isso vamos
parar.
Mas
antes de terminar, mais uma: o leitor ou leitora sabe que Roberto Carlos (um
alienado político), cantou em dueto com Chico Buarque (um artista altamente
engajado politicamente) a música “O Que Será? ”, quando revelou sua admiração
pelo artista e reconheceu estar ao lado de “um dos maiores compositores da
história da MPB”.
E para quem quer conferir uma raridade aí vai o áudio de “Solo Per Te”, uma das melhores faixas do disco proibido de 1961:
E para quem quer conferir uma raridade aí vai o áudio de “Solo Per Te”, uma das melhores faixas do disco proibido de 1961:
*Na foto do Extra Online Roberto Carlos e a inesquecível Elis Regina, no final dos anos 60.
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