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O ÔNUS DA CRÍTICA


Michel Zaidan Filho*

Há muito tempo descobri que o valor das nossas opiniões depende de quem ou quantos estão dispostos a abraçá-las. Está certo sozinho pode ser moralmente o desejável, mas politicamente não é eficaz. Como dizia o velho Marx, o valor do pensamento se prova na prática, em sua realização, não num solilóquio da consciência filosófica. A crítica é boa e fecunda quando é compartilhada por muitos e transformada em um instrumento de mobilização social. Quando não, ela só satisfaz a vaidade do crítico e o ajuda a dormir consolado de que fez o que deveria fazer, a despeito da indiferença dos outros.

Não nego que tenho uma veia polêmica e que, muitas vezes, arrasto os amigos para situações difíceis. Nem todo mundo precisa concordar com nossas posições, ainda mais quando elas podem arrostar com uma reação perigosa da parte dos criticados (prefeitos, governadores, ministro etc.). Entendo e aceito essa situação. O ônus da crítica deve recair somente sobre seu autor e ninguém mais. Por isso é que os artigos, as matérias, as análises são assinadas pelo autor, às vezes com a indicação do crédito profissional ou acadêmico do articulista. Isso certamente facilita a responsabilização civil e penal de quem escreve e o trabalho do oficial de Justiça, quando ele tem de entregar as intimações.

O que não se entende é o processo seletivo do processo ou da interpelação judicial, pelo queixoso. Se um jornal ou uma revista publica uma matéria fartamente ilustrada, com a opinião de vários entrevistados, sobre um determinado político e vários “sites” informativos registram recebimento de propina de empresas  pelo mesmo político ou contém matéria depreciativa sobre suas ações administrativas, porque o indigitado parlamentar não busca os esclarecimentos  com os meios de comunicação, exigindo explicações sobre as matérias publicadas? – É mais fácil intimidar pela Justiça um ou outro crítico, que baseado no noticiário das redes sociais e/ou jornais, emite suas opiniões sobre um membro do governo ou um parlamentar.

Em nosso país a chamada “esfera pública” parece com antessala da delegacia de polícia. As opiniões não são respondidas pela imprensa, com argumentos plausíveis, são criminalizadas e seus autores, chamados a prestar esclarecimentos ao delegado de plantão ou a autoridade judicial, e não à opinião pública, para que ela forme  adequadamente o seu juízo. Lamentavelmente os que concordam com tal procedimento, não entendem aquilo que está em jogo, nessa perigosa operação.  Aqui o que importa é o princípio do contraditório, e a critica responsável por parte da sociedade civil, não é o conteúdo do que se diz que pode ser facilmente contraditado por quem se julgar prejudicado pela crítica. É a política do amigo e do inimigo, ou do pastoril (vermelho ou azul), onde não há espaço para uma terceira alternativa ou posição.


A cultura democrática não convive com esse tipo de atitude.  Ela é contrária em tudo àquilo que se chama “moralidade da democracia”: a formação racional da vontade política. Está mais próxima do arbítrio e do argumento da autoridade de plantão, quando se julga ofendida. Seja na esfera federal, estadual ou local. O que vem ocorrendo na Cidade Universitária é semelhante ao que ocorre no governo de Pernambuco e no Planalto Central do Brasil. O livre e necessário debate das ideias vem sendo substituído por comissões de inquérito, de sindicância e mandados de citação, pelo baixo clero da administração universitária, tudo isso com a conivência do senhor Reitor.

*Michel Zaidan Filho é professor da UFPE e cientista político.
**Ilustração: Brasil 247.

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