Luzes da Cidade
Charles
Chaplin morreu dormindo em 1977, quando tinha 88 anos de idade.
Passados 38
anos de sua morte o diretor, ator e comediante permanece como um dos
personagens mais admirados do cinema, devido a sua genialidade e a uma obra
conhecida até por muitos que não foram seus contemporâneos.
Ainda
garoto, as dificuldades da vida o levaram a estrear no palco e graças e ao seu
talento se firmou como estrela do cinema mudo e um dos maiores nomes de
Hollywood.
O
pai de Chaplin abandonou a família quando ele ainda era um garoto. A mãe logo
começou a apresentar problemas de saúde e teve de ser enviada a um sanatório, o
que levou o pequeno Charlie a um orfanato.
A
miséria a que foi submetido no início da vida foi retratada pelo diretor em
seus grandes filmes, como O Garoto, Em Busca do Ouro, Tempos Modernos, Luzes da Cidade e o
Circo.
Chaplin
começou no teatro, mas ao conhecer o cinema, uma atividade nova, ficou
apaixonado por aquela forma de arte e se adaptou bem ao novo instrumento. Em
pouco tempo superou os mestres, tornou-se diretor dos próprios filmes e fundou
uma companhia para desenvolver mais o seu trabalho.
Foi
ator, diretor, produtor e empresário.
Com
30 anos de idade já tinha feito suas principais obras primas.
Seu
único irmão, Sidney, foi seu braço direito e o ajudou muito a chegar ao
sucesso.
CASAMENTOS E PERSEGUIÇÕES - Como
ator e diretor de cinema, Charles conheceu mulheres lindas, se apaixonou por
algumas e teve uma sucessão de casamentos fracassados.
O
amor de sua vida veio quando tinha 54 anos. Oona O ´Neill, filha do dramaturgo
Eugene O ´Neill tinha apenas 18 anos. Se conheceram e se apaixonaram, casando
em 1943. Foi o único casamento duradouro do ator.
Viveram mais de 30 anos
juntos , tiveram oito filhos e Oona ficou com Charles até o último dia de sua
vida. Depois que ele morreu ela ainda viveu 14 anos e guardou o luto até o fim.
Embora
tenha produzido comédias, dramas, filmes que faziam rir e chorar, Charles
Chaplin foi perseguido por questões morais e políticas.
Johan
Edgar Hoover, chefe do FBI durante anos, foi uma das figuras que perseguiu
Chaplin e tentou coloca-lo atrás das grades. O policial considerava o ator e
diretor comunista e achava que ele dava um péssimo exemplo a sociedade americana
pelo seu envolvimento com mulheres jovens.
Houve
uma época, nos Estados Unidos, que os comunistas eram criminalizados como são
hoje os petistas no Brasil.
Nos
anos 40 e 50 o senador Joseph McCarthy desenvolveu um trabalho intenso de
perseguição aos comunistas. Ele via esquerdistas a saldo de Moscou em todo
lugar: no cinema, na música, debaixo das camas ou numa gaveta para guardar
colheres.
Muitos
nos Estados Unidos foram vítima do extremismo de direita do senador e do chefão
do FBI.
No
caso de Chaplin, ele nem ao menos era comunista. Sempre se disse um humanista.
Mas devido a sua origem humilde tinha simpatia pelas classes populares, nos seus filmes
criticava o capitalismo e os regimes autoritários, ao mesmo tempo em que adorava
zombar das autoridades e das forças policiais.
O Grande Ditador
OBRAS-PRIMAS - Dentre
as obras-primas do cineasta estão Em Busca do Ouro, O Garoto, O Circo, Luzes da
Cidade, Tempos Modernos e O Grande Ditador.
Neste
último filme que começou a produzir em 1938, antes do início da guerra, o
diretor traça um perfil implacável de Hitler, que pouco tempo depois começou a
invadir países da Europa e promoveu o Holocausto contra os judeus. Charles teve
de enfrentar reações até do irmão Sidney, contra “O Grande Ditador”, pois
muitos achavam que os americanos não deviam se preocupar com “um problema da
Europa”.
Pouco
tempo depois Chaplin foi aclamado como gênio, uma vez que o seu longa
retratando Hitler funcionou como uma espécie de “bola de cristal” a respeito do
ditador alemão. É como se tudo tivesse sido antecipado pela cineasta antes
mesmo de começar o grande conflito mundial.
“Tempos
Modernos”, um filme de 1936, é uma crítica dura ao mundo moderno e
industrializado que transforma as pessoas em autômatos. Imagine você ter essa visão
do mundo antes da televisão, do videocassete, do DVD, dos celulares, do
computador e de toda essa parafernália que existe hoje.
Chaplin
viveu o suficiente para ter sua obra reconhecida, para ser recebido como herói na
Inglaterra onde nasceu (recebeu da rainha o título de Sir), e ganhar um Oscar
da Academia de Hollywood pelo conjunto de filmes. Foi como um pedido de desculpas
do país pela perseguição que moveram contra ele anos antes.
Um dos momentos mais fortes da carreira de Charles Chaplin é a sua interpretação do vagabundo que é trocado por Hitler no filme "O Grande Ditador". No final ele vai fazer um discurso, e quando todos esperam as agressões e ataques costumeiros do líder nazista, surge um homem pregando a paz e o entendimento entre os homens:
"No décimo sétimo capítulo de São
Lucas está escrito: O reino de Deus está dentro do
homem. Não um homem, nem um grupo de homens,
mas em todos os homens; em você, o povo.
"Vós, o povo tem o poder, o poder de
criar máquinas, o poder de criar felicidade. Vós, o povo tem o poder de tornar
a vida livre e bela, para fazer desta vida uma aventura maravilhosa. Então, em
nome da democracia, vamos usar esse poder, vamos todos unir-nos. Lutemos por um
mundo novo, um mundo bom que vai dar aos homens a oportunidade de trabalhar,
que lhe dará o futuro, longevidade e segurança. É pela promessa de tais coisas
que desalmados têm subido ao poder, mas eles mentem. Eles não cumprem as suas
promessas, eles nunca o farão. Os ditadores libertam-se, porém escravizam o
povo. Agora vamos lutar para cumprir essa promessa. Lutemos agora para libertar
o mundo, para acabar com as barreiras nacionais, dar fim à ganância, ao ódio e
à intolerância. Lutemos por um mundo de razão, um mundo onde a ciência e o
progresso conduzam à felicidade de todos os homens.
"Soldados! Em nome da democracia,
vamos todos unir-nos!
"Olha para cima! Olha para cima! As
nuvens estão a dissipar-se, o sol está a romper. Estamos a sair das trevas para
a luz. Estamos a entrar num novo mundo. Um novo tipo de mundo onde os homens
vão subir acima do seu ódio e da sua brutalidade.
"A alma do homem ganhou asas e,
finalmente, ele está a começar a voar. Ele está a voar para o arco-íris, para a
luz da esperança, para o futuro, esse futuro glorioso que te pertence, que me
pertence, que pertence a todos nós.
Olha para cima!
Olha para cima!"
Para conhecer melhor Chaplin nada melhor que ver e rever seus melhores filmes. Também se tem uma visão ampla de quem foi esse homem lendo a sua autobiografia, intitulada Minha Vida. Também
é essencial assistir o filme “Chaplin”, baseado na autobiografia, realizado
pelo cineasta inglês Richard Attenborough, o mesmo diretor do premiado “Gandhi”.
O Garoto
Nenhum comentário:
Postar um comentário