Em 1978 Gonzaginha fez um show incrível no Teatro do Parque,
no Recife. Subiu no palco de roupa branca, acompanhado só por violão e cantou
de forma absolutamente envolvente a música “É Preciso”, possivelmente a mais
bonita do seu rico repertório. Além da mais longa, já que a canção passa de
sete minutos.
"Ô Dina é preciso olhar essa vida, além desse filme no Cine Colombo..."
No final dos anos 70 a MPB era um biscoito fino. Tínhamos o
baianos no auge, Gonzaguinha deixando o isolamento, João Bosco e Aldir Blanc
inspiradíssimos e um grupo de cearenses dispostos a provar que música boa não
era privilégio de Salvador e municípios vizinhos.
Em 1974 Ednardo gravou seu primeiro disco, um álbum lindo,
inspirado na Literatura de Cordel. Pavão Misterioso, a faixa principal do vinil
com 12 músicas perfeitas não emplacou, o que aconteceria dois anos depois,
quando entrou na trilha sonora da novela “Saramandaia”, de Dias Gomes.
Aí veio uma overdose de Ednardo que aproveitou a chance e
gravou mais dois discos, ambos de bom nível. Foi por aí, na segunda metade da
década de 70 que o cearense compôs “Passeio Público”, “Vaila”, “Pastora do
Tempo” e outras pérolas do seu repertório.
Fagner e Belchior também faziam bonito. O primeiro arrasou
logo no primeiro disco, que incluía “Canteiros” e conseguiu uma sequência
incrível com “Astro Vagabundo”, “Eu Canto”, “Beleza” e “Eternas Ondas”. Esta
última canção, que dá nome ao álbum, foi composta por Zé Ramalho para Roberto
Carlos gravar. E Rei não aceitou o presente, porque não deve ter entendido um
verso e Fagner transformou a canção num grande sucesso, apreciado até hoje.
Belchior nunca teve a voz suave de Ednardo nem diferenciada
como Fagner. Mas foi um grande compositor que ganhou impulso após a gravação de “Como
Nossos Pais”, por Elis Regina. Além disso, o cantor compositor de “Apenas um
Rapaz Latino Americano”, fez “Alucinação, “Retrato 3 x 4”, “A Divina Comédia
Humana” e “Tudo Outra Vez”, uma música falando dos exilados que sofriam com
saudades do Brasil, na época da ditadura militar.
O compositor sumiu, parece ter dado uma surtada nos últimos
tempos, mas nada apaga alguns dos seus versos mais inspirados, como o que cravou na música “Coração
Selvagem”, uma das melhores de sua carreira.
“Meu
bem, mas quando a vida nos violentar
Pediremos ao bom Deus que nos ajude
Falaremos
para a vida: "Vida, pisa devagar meu coração cuidado é
frágil; Meu coração é como vidro, como um beijo de novela".
E
vejam vocês que ainda tínhamos o Chico Buarque muito em forma, Milton
Nascimento, Ivan Lins e cantoras do porte de Simone, Gal Costa e Maria Betânia.
Esse
pessoal acima – cearenses, baianos, os pernambucano Alceu Valença e Geraldo
Azevedo, os paraibanos Elba e Zé Ramalho – está batendo na faixa dos 70 anos mas ainda é muito melhor do que
muita gente que surgiu depois.
Versos
como os de Fagner, Belchior e Ednardo no início da carreira só fomos ver ou
ouvir novamente com Zeca Baleiro e Chico César, nos anos 90 e mais recentemente
com o mineiro Vander Lee.
Quem praticamente
destruiu a Música Popular Brasileira foi a televisão com a burrice e a falta de
compromisso do Faustão e Regina Casé? Foi a pirataria e a internet? Ou
simplesmente o “admirável mundo novo” fez com que a maioria perdesse o estímulo
de produzir maravilhas?
Até
Benito de Paula era melhor do que essa porcaria que aparece na telinha hoje em dia. Michel
Teló, Luan Santana e similares não têm voz e cantam músicas toscas, pobres,
longe da poesia impregnada em Gonzaga Júnior e seus contemporâneos.
Roberto
Carlos, que reinou anos com seu romantismo exagerado, está velho e
desinteressado. Em vez de compor alguma coisa que preste anda preocupado em
censurar livros, por isso perto da aposentadoria anda levando porrada. É
pintado como um um “grande filho da puta” no livro “O Réu e o Rei” e não
aparece como um cara legal no filme que conta a vida de Tim Maia.
Por
sinal o Tim também soltou seu vozeirão nos anos 70 e emplacou grandes sucessos
que vão ser relembrados agora, por conta do longa e da série da TV Globo.
Fagner,
Belchior, Ednardo, Roberto, Luiz Gonzaga, Alceu, Geraldinho, Betânia, Gal,
Gilberto Gil (Refazenda, seu melhor disco, é dos anos 70), Chico, Milton, Ivan
Lins, Joana, Gonzaguinha, João Bosco, Amelinha, Elis Regina, Tom Jobim,
Vinícius e Toquinho...
Ah! Dá
saudade dos anos 70...
Por
que diabo será que nossos ídolos ainda são os mesmos?
Fotos: 1) Elis Regina e Gonzaguinha; 2) Amelinha, Belchior e Ednardo
A verdade é que os artistas citados, acima tinham e tem sensibilidade ao cantar e compor. A geração passada deixará saudades, conhecimento e visão de mundo. A nossa o que irá deixar ?
ResponderExcluirE antes destes? Vinícios de Morais, Carlos Gomes, Vila Lobos, Pixinguinha!
ResponderExcluirO Brasil Vem em Franca decadência Moral, Intelectual e Cultural desde que a Esquerda chegou ao Brasil e começou a aplicar o Marxismo Cultural proposto pelo teórico marxista Antonio Gramsci, defendido pelo PT.
Os nosso ídolos são os mesmos, porque naquela época não existia Ministério da Cultura nem Lei Rouanet para ficar distribuindo verbas públicas DE GRAÇA por aí!!
Naquela época os artistas tinham que produzir e trabalhar para se garantir!!!
Hoje em dia basta escrever umas duas ou três musiquinhas meia boca que não dizem nada, não criticam nada, não desagradam ninguém, e já merece uns milhões do governo para financiar shows que ninguém quer pagar para assistir!!!
Aliás até esses artistas tão combativos de outrora, hoje não passam de parasitas nos dias de hoje! O PT e a Esquerda destruiram a CULTURA Brasileira de Uma Vez para Sempre!!!
E o mesmo vale para Jornalistas, Artistas plásticos, Escritores!!!!!!!!!
Discordo do ilustre Ewerton Souto que também leio seus comentários com muita atenção. Dom Hélder Câmara já dizia: "aqueles que divergem de mim, me enriquecem". Não acho que o assunto mereça nenhuma conotação política, sou a favor da Lei Rouanet, se não as tivessémos o Governo atual estaria sendo criticado por não oferecer incentivos à cultura. Se existem os que roubam ou disvirtuam ou não aplicam os recursos capitados em benefício do povo e da cultura, como cinema, teatro, circo, etc. desviando esses recursos é assunto de polícia. Houve recentemente uma condenação de um artista da Globo que conseguiu o recurso através dessa lei de incentivo à cultura e desviou o recurso, chama-se Guilherme Fontes, terá que devolver aos cofres públicos mais de 80 milhões de reais, estava em 42,6 milhões hoje já ultrapassa os 80 milhões conforme falei acima. Foi condenado pela 19 Vara Criminal do Rio de janeiro, ele entrou com recurso, porém dificilmente escapará. Nós não podemos matar a vaca para destruir o carrapato, por isso acho que quem roubou que devolva o recurso e seja punido com cadeia. Quanto a falta de novos Vinícius, Caetanos, Betanias e tantos e tantos outros, temos que admitir que o povo escolhe hoje happy's, rock's pauleira e o que nós podemos fazer, um outro Pexinguinha que escreveu Rosa, Carinhoso, Lamentos e etc. nós não temos e nem vamos ter mais nunca, também um Chico Buarque, o que vamos ter é Rock in Rio 2015, prá mim é demais, e vamos reclamar de quem? Do Bispo.
ResponderExcluirO que podemos ver realmente é uma total mudança de valores na musica brasileira artistas que tentam imitar os outros e lhes falta competencia ou motivação, nossos jovens estão ouvindo a pior geração da musica brasileira das uktimas décadas e ilha que nem sou tão antigo assim mas prefiro a musica mais antiga.
ResponderExcluirSÓ HÁ UMA SIOLUÇÃO PARA REVERTERMOS O PROBLEMA DA CULTURA DO BRASIL IMPLANTADA PELOS CANALHAS DO PT: VAMOS BOTAR À MÃO NA BOSTA...
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