Do Blog de Sulamita Esteliam:
Deve
ser encerrado nesta sexta, no Fórum Criminal de João Pessoa, Paraíba, o julgamento do acusado de ser mentor do estupro coletivo
de Queimadas, no Agreste do Estado, em 12 de fevereiro de 2012. Eduardo
dos Santos Pereira organizou a barbárie como presente de aniversário para o
irmão Luciano, este já condenado a 44 anos pela violência sexual.
O
julgamento está sendo acompanhado pelo governo federal, que enviou
representante a João Pessoa. “Para se solidarizar com as famílias das vítimas,
e se mostrar ao lado da Justiça, que não tolera mais violência contra
mulheres”, nas palavras de Aline Yamamoto, da Coordenadoria de Políticas
Públicas da Presidência da República.
Eduardo
está sendo acusado de duplo homicídio qualificado, estupro, porte ilegal de
arma, corrupção de menores, formação de quadrilha e cárcere privado. O júri foi
transferido para a capital por reivindicação do Movimento de Mulheres, a fim de
evitar interferência familiar, política e sócioeconômicas, dada as relações do
réu no local do crime.
Cinco
mulheres foram estupradas por 10 homens mascarados, que simularam um assalto
durante a festa de aniversário, três dos quais, menores. Duas delas foram
assassinadas naquele carnaval: a professora Isabela Pajuçara e a recepcionista
Michelle Domingos. Morreram porque reconheceram seus algozes. O crime chocou o
país e provocou indignação mundo afora.
Testemunhos
quando do inquérito policial – e confirmados durante o júri, iniciado na tarde
de ontem -, dão conta de que a sentença de morte teria sido decretada por
Eduardo. O réu foi casado com a irmã de Isabela.
É
mais um caso a confirmar que a violência sexual, ou de qualquer natureza contra
a mulher, parte sempre de pessoas de relação próxima, quando não parentes.
Matou, ou mandou matar, e ainda teve a pachorra de ir ao velório das duas
vitimas. É o que afirmar um policial militar que integrou a equipe que prendeu
Eduardo, momentos depois, quando se evadia para Caruaru, em Pernambuco.
Há
pouco mais de um ano, seis dos acusados foram a julgamento popular. Condenados,
receberam penas por estupro. Mas não foram julgados, porque não houve denúncia,
por homicídio. Por que, até hoje ninguém explicou. Os menores cumprem medida
sócio-educativa de três anos de reclusão, de acordo com o ECA.
Notícias
que leio pela internet mostram que dois anos e meio após, o crime ainda desperta
comoção nos paraibanos, e não é para menos Filas enormes se formaram antes do
início do julgamento, na tentativa de entrar no salão do júri.
Houve
protesto organizado pelo movimento de mulheres já na parte da manhã da quinta
feira: “Somos todas mulheres de Queimadas” é o mote, também do manifesto
divulgado pela Marcha Mundial de Mulheres. Exigem a condenação do réu e justiça
no caso de outros assassinatos e estupros de mulheres paraibanas sem punição:
“Reivindicar
por justiça em Queimadas é reivindicar por justiça nos casos de Aryane Thaís,
que ainda aguarda julgamento de recurso; Rebeca Cristina, que permanece sem
culpados; e da professora Brígida, cujo assassino se encontra foragido”, disse
a professora Ana Laura Vilela, representante do movimento na Paraíba ao Portal G1.
No
manifesto divulgado às vésperas do julgamento, a Marcha Mundial de Mulheres da
Paraíba lembra que, ainda no desenrolar do caso em julgamento, houve o estupro
e assassinato de Ana Alice. A garota tinha 16 anos e seu carrasco, Leônio
Barbosa de Arruda ainda não foi a julgamento.
A
nota diz que moradores da cidade afirmam que “é comum as mulheres serem
estupradas, mortas ou acordarem de madrugada na rua, sem saber como foram parar
lá”. A situação de vulnerabilidade das mulheres em Queimadas, aliás, foi
diagnosticada pela CPMI da Violência Contra a Mulher, em visita que fizeram à
cidade.
“A
família das vítimas até hoje é tratada como culpada, é frequentemente agredida
nas ruas e pelas redes sociais por parte da população queimadense, que inverte
o papel das vítimas pelas dos agressores”, afirma Íria Machado, da Marcha
Mundial das Mulheres da Paraíba.
É
inaceitável que em pleno século XXI o machismo e a misoginia ainda determine a
vida e a morte de mulheres no mundo todo. E a impunidade é a ração que alimenta
o monstro.
Por mais gritaria que se faça contra a VIOLÊNCIA CONTRA AS "MULHERES", o problema da VIOLÊNCIA GENERALIZADA, em que se encontra TODO o BRASIL, O PAÍS MAIS VIOLENTO DO MUNDO!!, nunca será resolvido.
ResponderExcluirQuem sofre violência não são somente as mulheres, são todos os Brasileiros.
Quem quer que apresente o problema da violência contra as mulheres, velhos, crianças, negros, gays, etc... Desconsiderando o panorama maior da violência generalizada em que estamos não passa de um Charlatão, um mal intencionado, um canalha da pior qualidade, que merece ser execrado e desmoralizado publicamente.
Porém isso nunca acontecerá, pois o Brasileiro é antes de tudo um histérico classista, que só vê o problema quando afeta sua classe ou a si próprio e como tal merece ser caçado nas esquinas, até que não sobre um sequer idiota desses na face da terra. Para o Bem da evolução da espécie humana.