Aos 80 anos de idade, o ex-prefeito
Ivo Amaral recebeu ontem à noite uma homenagem especial do Governo do Estado,
pela criação do Festival de Inverno de Garanhuns. Ao usar da palavra, o
ex-dirigente do município agradeceu ao ex-governador Eduardo Campos pela iniciativa,
citou os ex-prefeitos do município que deram continuidade ao evento e frisou a
importância de fazer amigos e mais ainda de saber conservá-los.
O DISCURSO
Boa noite a todos: minhas saudações
às autoridades aqui presentes, a minha família, amigos, velhos companheiros de
trabalho e à sociedade garanhuense e pernambucana.
Receber a homenagem do 24º Festival
de Inverno tem um significado histórico e afetivo muito especial para mim, por
duas razões: a primeira, por ter sido escolhido pelo Governador Eduardo Campos,
a quem tenho uma admiração inestimável pela coragem, ousadia e capacidade para
discernir as posições e filiações partidárias das figuras públicas que merecem
ser lembradas pelo seu papel histórico e sua contribuição à sociedade. Dito
isso, quero agradecer particularmente a Eduardo Campos, aqui representado por
diversos colaboradores da sua equipe, quando esteve à frente do governo, pelo
reconhecimento a minha dedicação a Garanhuns e ao meu trabalho para tornar o
Festival de Inverno uma manifestação cultural das mais significativas do
Estado.
A segunda razão é afetiva: adotei
esta cidade como minha terra natal aos 12 anos e nela construí minha
trajetória, minha família e meus laços com amigos, muitos dos quais seguem
presentes na minha vida nestes meus 80 anos. Seu povo me concedeu mandatos de
vereador, vice-prefeito, prefeito e, posteriormente deputado estadual. Como
homem público, tentei retribuir da melhor maneira possível, trabalhando
arduamente, com um acentuado sentido de ética e honestidade, para tornar
Garanhuns uma cidade aberta para as mais diversas e ricas manifestações de cunho
intelectual e artístico-cultural. E digo isso, porque sempre estive muito
próximo das necessidades da população, podendo compreender que vida digna, além
de supor condições materiais atendidas, requer a elevação das capacidades
culturais.
Convivi e frequentei os espaços de
debates, onde acadêmicos, escritores, poetas, músicos, artistas populares da
terra e a juventude à época expressavam sua arte e vislumbrei que a beleza da
chamada Suíça Pernambucana, o seu clima, suas águas, suas flores e a generosidade
da sua gente inspiravam minhas obras, a exemplo do Relógio de Flores e da
Reforma deste Centro Cultural. O Festival e o Relógio, em particular,
patrimônios que têm um significado especial para mim e, seguramente, para a
população e para os turistas que nos visitam.
Nesse ambiente, vi potencial para
utilização do espaço público como fomentador da cultura no seu sentido mais
universal e sua relação com os sentidos particulares da cultura brasileira e
pernambucana.
Idealizar e criar o 1º Festival de
Inverno de Garanhuns não foi fácil! Desde a minha primeira gestão como Prefeito
recebi a visita do jornalista, advogado e professor Marcílio Lins Reinaux, que
insistia para termos um Festival no Inverno, a exemplo do Festival de Cultura
de São Cristóvão, em Sergipe, e do Festival de Campos do Jordão, em São Paulo,
impressionado que sempre se mostrou com o sucesso e repercussão daqueles dois
eventos.
No início dos anos 80 meu mandato
como Prefeito estava findando; em meio a tantas preocupações e problemas da administração,
não pudemos dar andamento a essa realização, mas o Professor Jaime Pinheiro (de
saudosa memória), integrante da minha equipe, já estava entusiasmado e tinha
articulado meios e listado providências a serem tomadas a médio prazo.
Guardamos a ideia e a amadurecemos para colocá-la em prática, posteriormente,
como uma das prioridades de um possível próximo mandato.
Dez anos após, veio minha segunda gestão
como Prefeito (1989 a
1992). Em 1991, criei a Comissão Organizadora do Festival. Juntamos alguns
nomes de peso da sociedade e da minha equipe de trabalho à época. Lembro, como
hoje, do comprometimento e envolvimento dos secretários municipais de então: Os
professores Jaime Pinheiro e Luiz Henrique, o economista Fernando Campos, o
médico Antônio Alberto Coelho e o Coronel Antônio Mendonça; e também do apoio
irrestrito dos empresários Paulo Tavares, Luciano Oliveira, Mário Barbosa, Ciro
Ferreira Costa e Edson Dourado; dos jornalistas Gildson Oliveira, Marcílio
Luna, Manoel Neto, João Alberto e Kitty Lopes; dos vereadores Audálio Ramos,
Paulo Gomes e Silvino Duarte; do publicitário Fábio Clemente, além do arquiteto e diretor de cultura
Marcílio Reinaux Maia (sobrinho do outro Marcílio Reinaux, o professor e
jornalista, que também atuou como consultor da Comissão).
Não precisa dizer o quanto lutamos
incansavelmente para concretizar este sonho. Destaco, ainda, nesse processo, o
papel das mulheres e sua visão contemporânea no sentido de fazer desta cidade
um centro de ricas manifestações culturais: Edgenalva, minha esposa, Suzana Tavares - esposa de Paulo Tavares - e
as saudosas Juracy Calado e Graciete Branco. Todas elas, fundamentais nessa
história.
As articulações com o poder público
estadual, através do Governador Joaquim Francisco, logo se transformaram em
apoios para aquele que viria a ser uma das maiores expressões da nossa vida
cultural e que vai se enriquecendo a cada edição.
Antes de terminarmos a explanação
sobre o nosso Projeto, o Governador já foi dizendo: “Prefeito Ivo Amaral, eu
compro a ideia!”. E mais: Àquela época ele já expressava que o Festival traria
benefícios para Garanhuns, para o Agreste e para o Estado.
Em seguida, fui encaminhado ao hoje
Ministro do Tribunal de Contas da União, José Jorge de Vasconcelos Lima, então
secretário de Educação e Cultura e ao Presidente da FUNDARPE, Rubem Valença
Filho, o “Rubinho”, tendo ambos se desdobrado e feito todos os esforços para
viabilizar um evento de porte e inédito no Estado.
Empresários, intelectuais,
políticos, associações de classe, clubes de serviço, escolas, colégios e
faculdades formaram um mutirão em apoio ao evento, cada qual oferecendo a sua
contribuição no somatório dos esforços que resultou no Festival. A participação
popular, principalmente da juventude, foi fundamental para consolidação do
evento.
Os frutos deste Evento pioneiro são
reveladores do quanto o 1º Festival de Inverno foi decisivo para a valorização
do patrimônio cultural. Ainda que sua realização tenha se dado, neste momento,
sob condições específicas e modestas, sua projeção, vitalidade e contribuição
são inegáveis e atestam o nosso acerto e visão estratégica para democratizar a
cultura, tornando-a acessível para o conjunto da sociedade.
A recuperação desta breve história,
necessária e com um sentido muito afetivo para mim, não se restringe ao
passado. Reatualizar essa memória é condição para selar o Festival como parte
da cidade, do seu povo e dos seus modos de viver.
Por isso, também é justo e
pertinente registrar o empenho de todos os ex-gestores municipais e estaduais
que deram sequência às demais edições do Festival: prefeitos Bartolomeu
Quidute, Silvino Duarte, Luiz Carlos Oliveira e Izaías Régis; governadores
Joaquim Francisco, Miguel Arraes, Jarbas Vasconcelos, Mendonça Filho e Eduardo
Campos, e ainda João Lira Neto.
Aqui, também, é mais que oportuno
destacar o papel da FUNDARPE nesse processo, instituição que coordena a
política cultural do Estado, imprimindo sua marca decisiva ao Evento e
enriquecendo, a cada ano, as manifestações culturais que fazem parte da
programação. Também por uma questão afetiva, e mais que justa, sinto-me muito
feliz em ter uma filha - Maria Teresa Amaral - que trabalha na FUNDARPE e está
à frente da organização deste Evento, desde as suas primeiras edições, como uma
das principais colaboradoras. Com muita competência e integralmente dedicada ao
fortalecimento da cultura de Pernambuco, ela tem sido uma verdadeira militante
na área, pelo que sentimos – eu, Nalva e demais filhos - um orgulho imenso;
pois ela, além de guardar a memória de todos os festivais, muito contribuiu
para que este ano, em particular, a 24ª. Edição do Festival de Inverno tenha um
brilho especial.
Por fim, quero expressar a minha
alegria por esta homenagem e dizer da importância e do significado que ela
representa para mim, para meus familiares, e certamente, para meus amigos e
para os filhos desta terra. Acima de tudo, ela se reveste de uma dimensão
fundamental para preservar a história, a memória e a cultura de Garanhuns, de
Pernambuco e do Brasil.
Espero que esse legado cultural que
iniciei contribua para o florescimento de gerações que aproximem os povos,
construam laços solidários e fraternos e modifiquem os homens no sentido da
construção de uma sociedade mais humanizada e rica, cultural e socialmente.
O Festival não pertence aos seus
idealizadores, nem à Prefeitura Municipal, nem ao Governo do Estado, a empresas
privadas ou instituições. Foi criado por um punhado de sonhadores e idealistas
como forma de demonstração de seu grande amor por Garanhuns. Hoje, pertence à
sociedade e é patrimônio cultural e imaterial de Pernambuco pela Lei 13.878 de
22.09.2009, através de projeto apresentado pela Deputada Terezinha Nunes e
sancionado pelo Governador Eduardo Campos.
Como disse em artigo sobre meu
aniversário de 80 anos, o médico e escritor Amaury Medeiros, “fazer amigos não
é tudo. O importante é conservá-los”. Portanto, obrigado a todos que me
ajudaram nessa trajetória. Esta homenagem é extensiva a vocês!
Infelizmente alguns eventos do FIG é exclusivo para o turista ou para quem não trabalha, como por exemplo o teatro, dança... Como pode um trabalhador sair no meio do seu trabalho para pegar um ingresso? Os shows da semana deveriam começar mais cedo, garanto que teria bem mais gente assistindo.
ResponderExcluirIVO, GARANHUNS AGRADECE TUDO O QUE VOCÊ REPRESENTA COMO FILHO QUERIDO DESTA TERRA, QUE SEI QUE A AMA.
ResponderExcluirHOMEM ÍNTEGRO,QUERIDO E AMADO POR TODOS, HISTÓRIA VIVA ,CONSELHEIRO OFICIAL DE GARANHUNS.
SUA HISTÓRIA MUITO NOS ORGULHA, DA TRAJETÓRIA POLÍTICA A SUA VIDA FAMILIAR(SEU ORGULHO).
PARABÉNS SEU IVO, JUSTÍSSIMA HOMENAGEM.
GARANHUNS TEM ORGULHO DESSE FILHO AMADO(ADOTIVO)
Ficamos emocionados eu e minha esposa, quando das homenagens mais que justas ao homem, Sr. Ivo Amaral, nosso ex-prefeito, por duas vezes, e ex-deputado também por duas vezes, porém nem por isso, mas pelo amor e carinho das suas filhas, aliás também fiquei emocionado quando todas falaram comigo como que agradecendo por nada que tenha feito de especial por essa família, símbolo de amor, união e exemplo para todos nós nessa cidade querida.Dona Edjnalva e Seu Ivo Amaral como são conhecidos, apesar do homem público que foi e é, ao lado dessa incansável amiga, esposa, conselheira e mãe dessas moças bonitas e um filho que herdou educação e simplicidade dos pais queridos, além de um rapaz apessoado. Sei da sua vida pública vitoriosa, porém o que mais me envaidece, é ser amigo dessa família querida e especial. Obrigado a todos !
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