Quase todo mundo já ouviu falar em campo de concentração. Na
televisão, no cinema, nos livros, jornais e revistas os campos de extermínio
nazistas foram mostrados de todos os ângulos, com ênfase no horror do que
aconteceu naqueles lugares.
O que muita gente não sabe é que antes de Hitler tivemos campos
de concentração no Brasil. A primeira experiência tudo indica que foi no Ceará,
na seca de 1915. O sofrimento com a estiagem de quase 100 anos atrás foi tema
do primeiro romance de Raquel de Queiroz, que em seu livro "O Quinze", escrito com menos
de 20 anos de idade, denuncia também a existência dos tais campos, onde foram
jogados os flagelados.
Getúlio Vargas, chamado de “pai dos pobres” quando governou o
Brasil, flertou com o nazismo e pouco tempo de assumir o poder, em 1930,
repetiu a experiência de 1915, criando áreas para os flagelados contornadas por
arame farpado.
Esses campos foram implantados no Ceará, no Pará, em Pernambuco e Minas Gerais e em outros estados. Eles são abordados em artigos de jornais, como o Diário de
Pernambuco, e em alguns livros. O romance “A Costureira e o Cangaceiro”, da escritora
Frances de Pontes Peebles, também mostra o a humilhação que os nordestinos sofriam nessas áreas. Os homens
trabalhavam em regime de escravidão e as mulheres, muitas menores de idade,
eram obrigadas a se prostituir.
O ex-governador Miguel Arraes de Alencar, natural do Crato, no
Ceará, uma vez deu uma entrevista falando sobre esse assunto. Ele disse que lembrava
das muitas histórias dos campos de concentração da seca de 1932 e era um horror
danado.
“A seca braba de 32 é
muito forte em minha memória. Um dia, quando ia estudar, me deparei com três
homens presos. Eram flagelados do curral da concentração. Foram presos como
desordeiros, só porque ficaram revoltados com as injustiças na distribuição de
comida por lá” afirmou Arraes numa entrevista em 2002.
Vargas, o "pai dos pobres", deu alguns direitos aos trabalhadores e às mulheres, é verdade. Mas também é fato que instalou uma ditadura, censurou a imprensa, seu governo prendeu e torturou os adversários, entregou Olga Benário grávida aos nazistas, para ser executada na câmara de gás e se antecipou a Hitler na criação dos tais campos de concentração.
Getúlio também é o autor de muitos discursos pregando mudanças no país e expondo suas ideias. Esses discursos foram publicados no livro intitulado "A Nova Política no Brasil", já citado neste blog.
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