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NELSON RODRIGUES - ESCRITORES BRASILEIROS - 26º

Quem já assistiu uma peça de teatro de autoria de Nélson Rodrigues, leu um dos seus contos ou romances,  viu um filme baseado em sua obra ou assistiu a um dos episódios de “A Vida Como Ela É..." exibidos na televisão, certamente não ficou indiferente.

Toda a obra de Nelson é recheada de tragédias, sexo, traições, mortes, incestos, sangue e personagens que parecem não ser pessoas normais.

A vida do jornalista e escritor, no entanto, foi tão trágica quanto a dos personagens das milhares de páginas que escreveu. Alguns veem na obra do pernambucano um reflexo do que viveu. Não há dúvida que os dramas reais influenciaram a ficção. Mas o teatrólogo, com 8 anos de idade, escreveu uma redação na escola capaz de espantar os professores: um texto perfeito tendo como tema o adultério e terminando em morte.

Assim, é correto imaginar que Nelson Rodrigues já estava ali, na criança inquieta, que adolescente e adulto continuaria a causar espanto, a chocar, a balançar os alicerces da família burguesa brasileira.

Nelson Falcão Rodrigues nasceu em Recife, no dia 23 de agosto de 1912. Foi o quinto dos 14 filhos do jornalista Mário Rodrigues com a dona de casa Maria Esther Falcão.

Morou pouco tempo na capital pernambucana. Tinha apenas quatro anos quando o pai, por problemas políticos trocou o Recife pelo Rio de Janeiro. Nelson e cinco dos seus irmãos nasceram em Pernambuco. Na então capital federal mais oito vieram ao mundo.

JORNAIS – No Rio de Janeiro o jornalista Mário Rodrigues foi trabalhar no Correio da Manhã e a maioria dos filhos seguiu sua vocação. Nelson começou com o pai, com pouco mais de 13 anos. O futuro inventor do teatro moderno brasileiro foi repórter esportivo, cobriu a área policial, escreveu editorais, crônicas, contos e até sobre ópera andou opinando nos jornais.

Passou pelo Correio, A Manhã, Crítica, O Globo, Última Hora, Revista O Cruzeiro, Jornal dos Sportes e muitas outras publicações menores. Também teve participações na rádio e na televisão, inclusive da TV Globo, antes da emissora se tornar a potência que é hoje.

Enquanto trabalhou nos veículos de comunicação mais importantes do Rio de Janeiro e do Brasil, em seu tempo, Nelson conviveu de perto com a tragédia nas ruas e em casa, dentro de sua família.

AS TRAGÉDIAS - Dorinha, uma de suas irmãs, morreu com apenas 9 meses. Roberto, seu mano com cara de galã de cinema, foi assassinado dentro da própria redação do jornal do pai, por Silvia Thibao. A moça estava revoltada com a publicação de uma reportagem de sua vida pessoal, falando em adultério e por isso foi matar Mário Rodrigues. Não o encontrando atirou no filho. Um único tiro que perfurou o estômago e levou cedo o talentoso desenhista por quem as moças suspiravam.

Abalado com a morte de Roberto, pouco mais de 60 dias depois Mário Rodrigues também se foi. Nelson passou por todo esse drama antes de completar 18 anos de idade.

No futuro ele ainda perderia o irmão mais jovem, Jofre, levado pela tuberculose, e Paulinho, o caçula, que morreria com a esposa e filhos durante o desabamento do prédio onde morava, provocado por uma chuva intensa no Rio de Janeiro.

O próprio Nelson Rodrigues sofreu muito com a tuberculose e por mais de uma vez foi internado num sanatório em Campos de Jordão, no interior de São Paulo.

TEATRO – A vida atribulada do pernambucano radicado no Rio, com doenças, mortes e apertos financeiros constantes, não impediram a sua intensa produção teatral, com espetáculos capazes de transformar as artes cênicas no Brasil, que viviam da importação de textos europeus e comédias.

“A Mulher Sem Pecado”, sua primeira peça não deu em nada, talvez pela  direção acanhada de Santa Rosa. Mas “Vestido de Noiva” causou um frisson no Rio de Janeiro em 1944.

A partir daí Nelson iria ser ao mesmo tempo gênio e vilão, tendo diversos dos seus textos proibidos pela censura. Foi o caso de “Álbum de Família”, escrito ainda na década de 40 e que só seria liberado em 1965 e encenado em 67.

Anjo Negro, Dorotéia, Valsa nº 6, Senhora dos Afogados, Perdoa-me por me traíres, Os Sete Gatinhos, Engraçadinha, Asfalto Selvagem, Beijo no Asfalto e Toda Nudez será Castigada foram alguns dos trechos teatrais que consagram definitivamente Nelson Rodrigues na cena teatral brasileira.

Chamado de tarado, acusado de querer destruir a família, censurado, perseguido, o escritor estava à frente do seu tempo, mas no futuro sua obra seria reconhecida e suas principais criações seriam adaptadas com sucesso no cinema e na televisão.

Um dos seus romances, "O Casamento", também fez sucesso e como suas peças foi adaptado para o cinema, pelo cineasta Arnaldo Jabor.

INTELECTUAIS – Nelson Rodrigues, em seus 68 anos de vida, conviveu com o melhor da intelectualidade brasileira. Fez grandes amigos e também inimigos, principalmente entre os esquerdistas, pois o escritor era conservador e ele mesmo se autodeclarava “reacionário”.

Conviveram com o autor de “Beijo no Asfalto”, dentre outros, o escritor Antônio Callado, o poeta Manuel Bandeira, Carlos Drummond de Andrade, o cronista Otto Lara Rezende, o teatrólogo Joracy Camargo (pai de Hebe), Alceu Amoroso Lima, Millôr Fernandes, Apparício Torelly (Barão de Itararé), Dom Hélder Câmara, Carlos Lacerda e Juscelino Kubitschek.

Com alguns desses ele travou grandes polêmicas, foi amigo, se afastou e depois teve oportunidade de se reconciliar. Dom Hélder Câmara o ajudou em alguns momentos da vida, quando ainda morava no Rio, mas depois passou a ser um dos alvos prediletos do jornalista. Outro que levou muitas “porradas verbais” do escritor foi o poeta Carlos Drummond de Andrade.

A VIDA COMO ELA É – Nelson brilhou no teatro, escreveu bons romances, crônicas e contos memoráveis. No jornal Última Hora, com Samuel Wainer, produziu centenas de histórias da seção “A Vida Como Ela É...”. Num tempo em que ainda não havia televisão, seu casos eram consumidos com avidez nos lares, nas casas comerciais, nos ônibus e nos bondes.

Eram contos curtos, bem escritos, num estilo enxuto e moderno dispensando a verborragia da época. A maioria absoluta das histórias envolviam mulheres adúlteras, taras estranhas, psicoses e mortes. Dificilmente tudo acabava bem.

Tempos depois o próprio escritor escolheu os “100 melhores contos” divulgados nos jornais e os publicou em livro.

Dentre esses está o ótimo “A Dama da Lotação”, que foi transformado em filme por Neville de Almeida, com Sônia Braga no papel principal. Foi um grande sucesso comercial do cinema brasileiro no final dos anos 70, durante muito tempo a quarta maior bilheteria da história do país.

O REACIONÁRIO – O escritor revolucionário de teatro, o autor de romances e contos capaz de incomodar os defensores da família, da moral e dos bons costumes, se tornou um dos artistas mais reacionários do Brasil e ele assumia suas posições retrógradas sem nenhum pudor.

Apoiou o golpe militar de 1964, era anti-comunista confesso e foi amigo de muitos personagens do regimes militar, inclusive do ditador Emílio Garrastazu Médici, com quem chegou a assistir a alguns jogos de futebol no Maracanã.

Por sinal, aqui cabe um parêntese. Mário Filho, irmão mais velho de Nelson, foi um grande jornalista na área esportiva. Ele foi o principal responsável pela profissionalização do futebol no Brasil e alimentou a rivalidade entre Fluminense, Flamengo, Vasco e Botafogo, dando outro status aos grandes clássicos e enchendo os estádios.

Por tudo que fez pelo futebol e pelos esportes Mário Filho deu nome ao estádio do Maracanã, que no início se chamava apenas de “Estádio Municipal”.

Voltando a Nelson, que também gostava de futebol (torcia pelo Fluminense) e escreveu grandes crônicas sobre o esporte, este frequentava os estádios – apesar de não enxergar quase nada – e acompanhou o general presidente em algumas ocasiões.

Uma vez o jornalista e escritor quis saber de Médici se havia tortura no Brasil. O militar lhe assegurou que isso não acontecia no país.

Por ironia do destino Nelsinho, o filho mais novo do “reacionário” discordava do governo militar, se tornou um personagem importante do MR-8 e entrou para a luta armada. Foi preso, torturado e amargou sete anos de cadeia para desespero do seu pai, que mesmo sendo amigo dos governantes não conseguiu ajudá-lo muito.

Nelsinho só sairia da cadeia no governo de João Figueiredo, quando a anistia se tornou mais ampla.

Importante frisar que mesmo sendo de direita, Nelson Rodrigues ajudou muitos esquerdistas a fugir do Brasil ou sair da cadeia. Hélio Pelegrinno, psicanalista e escritor de posições progressistas foi um dos que se livraram das garras dos militares com o auxílio de Nelson.

Ruy Castro, jornalista e escritor, em 1992 escreveu a biografia definitiva de Nélson Rodrigues. Um livro apaixonante, com toda trajetória da família Rodrigues. “O Anjo Pornográfico” é um relato indispensável para compreender o teatrólogo, mostrado em toda dimensão humana. Muito deste texto é baseado na citada biografia.

Nelson ainda teve seu nome cogitado para entrar na Academia Brasileira de Letras. Não ficaria bem. Ele tinha pouco a ver com o “clima gelado” da ABL.

Nelson Rodrigues foi casado com Elza Bretanha, teve um caso com Nonoca, viveu alguns anos com Lúcia Lima, com quem teve uma filha doente, Daniela. Com mais de 50 anos passou a morar com Heleninha, sua ex-enfermeira e no final da vida teve Elza novamente ao seu lado.

Ele morreu no Rio, no dia 21 de dezembro de 1980, um domingo. Elza cumpriu uma promessa feita ao seu marido e mandou colocar no seu túmulo: “Unidos para além da vida e da morte.

Algumas frases de Nelson Rodrigues:

 A liberdade é mais importante do que o pão

Invejo a burrice, porque é eterna

Toda unanimidade é burra

Deus está nas coincidências


A fidelidade devia ser facultativa


FOTOS: 1) Nélson Rodrigues; 2) Sônia Braga no filme "A Dama da Lotação", de Neville de Almeida; 3) Adriana Pietro no filme "O Casamento",  de Arnaldo Jabor; 4) Darlene Glória em "Toda Nudez Será Castigada", também de Jabor.

Um comentário:

  1. Segurado do INSS que não renovar senha pode ficar sem receber
    19/01/2014 - 12h13

    Nacional

    Daniel Lima
    Repórter da Agência Brasil

    Brasília – Os segurados do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) devem procurar a agência bancária onde recebem o benefício para comprovar que estão vivos e renovar senha. Quem não fizer, terá o benefício bloqueado pela Previdência Social.

    Os bancos tem até o dia 28 de fevereiro de 2014 para finalizar o processo de comprovação de vida e renovação de senha dos beneficiários que recebem por meio de conta-corrente, poupança ou cartão magnético.

    Em agosto, o INSS prorrogou o prazo, pois, dos 30,7 milhões de beneficiários, 9,4 milhões ainda não tinham atendido à convocação para renovar a senha. O número caiu, porém 4,7 milhões ainda precisam fazer a renovação nas próximas semanas.

    As mudanças estão sendo implementadas pelas instituições financeiras pagadoras de benefícios desde maio de 2012. Segundo o INSS, ao ser convocado, o beneficiário deve ir até a agência bancária levando um documento de identificação oficial com foto e de fé pública (carteira de identidade, Carteira de Trabalho, carteira de habilitação).

    Caso esteja impedido de ir à agência bancária, o segurado pode fazer a prova de vida por procuração, desde que o procurador seja devidamente cadastrado no INSS. Os segurados que residem no exterior também podem apresentar a comprovação por meio de um procurador cadastrado no INSS ou documento emitido por consulado, informou o instituto. As dúvidas, segundo o INSS, podem ser esclarecidas pelo telefone 135.

    A Febraban (Federação Brasileira de Bancos) lembra que a prova de vida tem o objetivo de combatet fraudes e inconsistências no pagamento de benefícios. A federação garante que os bancos investiram para que o processo transcorra de forma organizada, sem causar transtornos à população, e as instituições que dispõem de tecnologia para fazer a identificação biométrica poderão utilizá-la.



    Edição: Carolina Pimentel

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