PREFEITURA MUNICIPAL DE GARANHUNS

PREFEITURA MUNICIPAL DE GARANHUNS
GOVERNO MUNICIPAL

CAPOEIRAS FAZ 50 ANOS

De repente me dou conta que estou mais velho que Capoeiras. Explico: tenho mais idade que o município, que surgiu em 1963, graças ao governador Miguel Arraes. Quando este escriba nasceu, em 1957, o torrão natal era apenas uma vila, pertencente a São Bento do Una.

Capoeiras 50 anos. Meio século de vida. Quantos se foram, outros chegaram, a cidade até que cresceu.

Lembro de Capoeiras sem a luz elétrica de Paulo Afonso, iluminada na base de um motor. Cedo tudo era desligado e todos iam dormir. Não havia nem televisão ainda. Havia praticamente a Rua do Comércio e apenas uma parte tinha calçamento. Subindo, pra o lado da Igreja, era na terra mesmo.

As festas eram no Mercado de Farinha. E aos olhos de criança tudo era muito chique, havia muito brilho e as meninas eram tão bonitas quanto as estrelas de telenovela de hoje.

Não havia a barragem do Gurjão nem a da cidade. Os moradores eram poucos e bastava a Cacimba do Pau para matar a sede do povo.

Caetés era o lugar mais próximo, menor ainda e a rivalidade entre as vilas era enorme. Todo jogo de futebol terminava na porrada.

Vir para Garanhuns era uma viagem. No inverno, com os buracos, se gastava com certeza mais de uma hora. Às vezes duas.

Escrever e lembrar de Capoeiras, que aniversaria amanhã, é ver o rosto dos antigos moradores: Eronides, Zé Vieira, Moisés, Adalberto, Superpino, Euclides, Adauto, Lula Cordeiro, Seu Aloísio,  Zé Praxedes, Zé Teixeira, Zé Farias, Zé Pretinho, Mãe Nana, Manoel Souto, Zuleide, Dona Betinha, Dona Terezinha, Dona Alice, Seu Elói, Zé Manoel, Manoel Antônio, Novo Puça, Olavo, Ivanildo, Carioca, Tita, Zaía, Seu Doca, Lia, Dona Nanu, Olívia, Dona Olívia, Nininha, Vardinho, Maria Riacho, Né Barra, Gildo, Zé Gila,  Dona Zefa,  Doca Teixeira, Olegário,  Dr. Odon... E padre Geraldo, que está lá há 40 anos e rezou missa por todos esses citados no parágrafo. Aos leitores peço perdão por não citar todo mundo é que não cabe no blog e a cabeça ainda não virou computador.

Capoeiras e seus prefeitos, escolhidos pelo povo: Zezinho, Alvinho, Valter, Manoel Reino, Batata, Aluízio, Nenen, Dudu e Neide. Esta a primeira mulher a comandar os destinos da minha terra.

Capoeiras dos doutores que se espalharam pelo Brasil e pelo mundo: Eduardo Almeida (desembargador), Solange Siqueira (fisioterapeuta), Ângela Bezerra (farmacêutica), Aurélio Jorge (agrônomo), Luiz Brás (promotor), Ramos (veterinário), Betinho (jornalista), Rita (professora), Guiomar (pedagoga), Fernando (dentista), Carlinhos (advogado), Rejane Siqueira (engenheira), Rejane Souza (médica), Jorge Cordeiro (bacharel em direito e delegado), Ricardo Alexandre (professor), Paulo Guilherme (economista) Vânia (advogada), Severino Vieira (médico)... Tem muito capoeirense em São Paulo, alguns nos Estados Unidos e uma das doutoras citadas mora na Alemanha. A lista poderia ser maior, mas paremos por aqui senão fica do tamanho de um jornal.

Capoeiras dos sítios de nomes líricos, bonitos: Riacho do Una, Craíbas, Várzea do Chapéu, Junco, Serra da Boa Vista, Imbé, Roçadinho, Lagoa do Tanque, Mocambo, Brabos, Catete, Mimoso, Mimosos...

E dos distritos: Riacho do Mel, terra de Seu Nilo, que fez política pelo MDB, quando ser oposição era coisa de comunista. O povoado Alegre, onde ainda hoje vive Dona Antônia, eleita vereadora do município na década de 60, quando lugar de mulher era só na cozinha. E a Maniçoba, de Manoel Reino e Manoel Livino, com o seu reisado que é um orgulho dos que amam a cultura nordestina.

Capoeiras das festas de São José, do carrossel de Zé Marques e Genésio, do palanque, dos pés de castanholas que o vento levou, dos dias de chuva, das noites de frio, das feiras na sexta, dos grandes bailes, dos assustados, das tardes de futebol, hoje sem o Estádio Carlos Rios.

50 anos. Hoje é a Capoeiras do Colégio José Soares de tantas glórias, de lojas bonitas, dos bairros novos dos pobres e ricos: Vila Vintém, Cohab, Frei Damião, Loteamento São José, Morumbi.

Capoeiras que podia ser de irmãos, como no passado. Uma grande família, a paz. Sem política para afastar as pessoas. Com menos ambição e mais amor.

Saudemos a Capoeiras do passado e a de hoje. Os que a construíram e os que continuam o trabalho dos seus antepassados.

Parabéns Capoeiras.

(A imagem que ilustra este post é de Rodrigo Cordeiro, neto de Seu Lula, sobrinho do meu compadre-irmão Jorge Cordeiro).

6 comentários:

  1. Parabéns Capoeiras!
    Ótimo texto tenho certeza que se fosse pra falar a fundo de Capoeiras você teria muitas e muitas linhas pra escrever mas nessas poucas linhas conseguiu retratar a Capoeiras de ontem e de hoje parabéns.

    ResponderExcluir
  2. Tendo nascido nessa terra, exatos cinco anos depois do nascimento da Cidade, dia oficial em que começa o verão em nosso país, uno-me daqui, na terra de Camões e Fernando Pessoa, ao cinquentenário que se celebra, agradecendo ao blogueiro a recordação do nome de minha mãe (D. Betinha) entre as pessoas insignes que foram capazes de dedicar, de um modo ou de outro suas vidas, para que tivéssemos o que hoje temos. Felicidade e paz para todo o povo de Capoeiras!
    d. Hugo (Cleílton) Cavalcante, OSB

    ResponderExcluir
  3. Oi Roberto, fiquei emocionada com a matéria sobre Capoeiras. Sou filha de João Borrego, irmão de Heronides. Obrigada! Grande abraço! Aleide.

    ResponderExcluir
  4. Lindas palavras de Roberto Almeida, a nosso terra, nossa gente, chamada Capoeiras!!!! (Edilma, pelo face)

    ResponderExcluir
  5. Parabéns, minha cidade, Capoeiras, 50 anos, é uma adolescente!!

    ResponderExcluir
  6. Oi Roberto Almeida na listagem dos antigos moradores você esqueceu de citar alguns que também fizeram parte da história de Capoeiras um dos que vc esqueceu de citar foi Pedro Miguel da Silva ( Pedro Preto). Que fez parte da história de Capoeiras e foi um dos mais velhos da cidade que faleceu aos 110 anos.

    ResponderExcluir

SUBSÍDIO PARA COMPRA DE CASA

SUBSÍDIO PARA COMPRA DE CASA
FINANCIAMENTO PARA CASA PRÓPRIA