EXCLUSIVO -Baiano
de Vitória da Conquista, formado em jornalismo em história, Paulo César Araújo é
mais conhecido no Brasil por ter escrito a biografia censurada de Roberto
Carlos. Antes do livro que gerou polêmica, no entanto, o escritor publicou “Eu
Não Sou Cachorro Não”, uma obra em que faz um estudo da produção dos cantores
brega do país.
Talvez
por ter vivido numa cidade do interior, com origens no homem do povo, Paulo César
é um homem sensível à música dos cantores populares. Foi fã de Roberto Carlos a
vida toda e fez pesquisas e entrevistas 15 anos para contar a vida do rei. Infelizmente,
o cantor implicou com a obra e ajudou a trazer de volta à censura ao Brasil,
tirando das livrarias “Roberto Carlos em Detalhes”, que na época estava entre
os mais vendidos do país.
Quem
sabe com a mudança da Lei, no Congresso Nacional, a biografia proibida não
volta a ser comercializada. Enquanto esse dia não chega uma boa opção é ler o
outro livro do jornalista sobre música.
DESPREZO - "Eu Não Sou Cachorro Não"Traz
muitas informações sobre cantores como Waldick Soriano, Aguinaldo Timóteo,
Paulo Sérgio, Odair José, Nélson Ned e outros nomes, todos eles solenemente
ignorados pela imprensa intelectualizada.
Ao
ser entrevistado um dia pela Revista História, Paulo César Araújo falou do
desprezo aos bregas e informou como surgiu o termo para denominar os cantores
populares ultra românticos.
Segundo
ele antigamente esses cantores eram conhecidos como cafonas. A expressão brega
teria surgido no início dos anos 80, numa referência ao baixo meretrício. Chegava
um viajante numa cidadezinha e perguntava: “Onde é o brega aqui?”. O cara
estava querendo saber o local da zona, do cabaré. E nesses locais se tocava Waldick,
Odair José e outros artistas populares. “A
música do brega, passa a ser música brega. E o termo cafona vai perdendo força.
Até hoje se chama de música brega. Acho até mais sonoro...”, explicou o
escritor na entrevista à Revista História.
FACULDADE - Quando
Paulo César entrou na faculdade seus colegas só falavam de Milton Nascimento,
Chico Buarque, Caetano Veloso. “Era Bossa Nova, Tropicalismo e MPB, os cantores
bregas parece que não existiam”, observou.
Ao
concluir o curso de história, o baiano resolveu fazer sua monografia sobre os
cantores bregas e enfrentou resistências, tanto entre os colegas quanto junto
aos professores.
O
trabalho depois rendeu o livro e os próprios artistas ficaram surpresos com a
obra, que lhes deu um reconhecimento negado nas classes cultas. Na época do
lançamento, cantores como Waldick Soriano e Odair José tiveram até um novo
impulso em sua carreira. Aguinaldo Timóteo ficou radiante, mesmo o escritor tendo abordado questões da sua vida pessoal.
Paulo
César revela que os artistas considerados bregas têm origem humilde, muitos
deles trabalharam na infância para sobreviver e adquiriram a “cultura da
rejeição” que chegou até a sua música. Daí se explica o título de canções como
“Eu não sou Cachorro não”, “Eu não sou sapato seu”, “Eu não sou tapete” e “Eu
não sou Lixo”, essa última do cantor negro Evaldo Braga, já falecido.
CENSURA - Outro
aspecto revelado pelo jornalista e historiador é que os bregas foram vítimas de
censura, no período da ditadura militar. Muitos pensam que a perseguição foi em
cima somente de Chico Buarque, Gonzaguinha, Geraldo Vandré, mas não foi assim.
Odair
José foi um dos mais atingidos pela censura, porque suas músicas falavam muito
de droga, de sexo e algumas foram consideradas pornográficas. Waldick Soriano teve duas
músicas censuradas, uma delas “Tortura de Amor”, gravada muitos anos depois por
Fagner. Os milicos implicaram com a palavra “tortura” e viram nos versos
românticos do artista uma
referência ao que acontecia nos porões do regime.
Waldick
Soriano ainda teve censurada a música “Foge de Ti”. A justificativa, neste
caso, foi que a música era ruim. Os funcionários da ditadura tinham a pretensão
de saber o que tinha qualidade e servia ao povão.
RESPEITO - Na
opinião de Paulo César Araújo o brega está mais forte do que nunca. Na época de
sua entrevista à História, a Folha de São Paulo tinha divulgado uma pesquisa a
respeito dos cantores mais ouvidos do Brasil. Na relação estavam nomes como
Calypso, Daniel, Zezé di Camargo e Amado Batista.
Se
for atualizar possivelmente entram nomes como Luan Santana, Paula Fernandes e
Michel Telo.
Pode-se
até argumentar que os bregas do passado tinham mais qualidade. Que até isso
piorou. Também pode alguém ressaltar que Waldick Soriano, Odair José, Amado Batista,
Aguinaldo Timóteo e tantos outros não foram fabricados pela mídia, não tiveram
um empurrãozão da Globo.
Mas
é fato que cada artista desses representa determinadas classes sociais e a
época em que viveram. E se existe público - mesmo que a música deles seja de má
qualidade - eles merecem um mínimo de respeito.
EU NÃO VEJO ISTO COMO CENSURA E SIM COMO PRIVACIDADE. O FATO DE SER CANTOR,NÃO DÁ O DIREITO AS PESSOAS ESCANCARAREM A VIDA ALHEIA.A VIDA DE CADA UM É UM BEM PRIVADO. PUBLICO MESMO É O PATRIMÔNIO DE UMA CIDADE ESTADO OU PAÍS NO SENTIDO HISTÓRICO.E ISTO NÃO VEJO NINGUÉM DEFENDER.PUBLICO TAMBÉM PODE SER AS CANÇÕES QUE NOS DIVERTEM, ALEGRAM E ATÉ NOS ENSINAM.O QUE DEVIA MESMO SER ESCANCARADA , É O PATRIMÔNIO INDEVIDO DOS POLÍTICOS DESONESTOS E SUAS ORGIAS EM TODOS OS SENTIDOS.BIOGRAFEM O LULA E JUSTIFIQUEM TODO O SEU PATRIMÔNIO, ISTO É O QUE INTERESSA A NAÇÃO E AO SEU POVO.O QUE VAI NOS ACRESCENTAR OS TRAUMAS DE ROBERTO CARLOS OU SEJA DE QUEM FOR, É UMA FALTA DE RESPEITO AO ÍDOLO E AO SER HUMANO QUE TANTO NOS ALEGROU!
ResponderExcluirVerônica não leu o mesmo texto que eu, não escreveu coisa com coisa. Tu tá no mundo da lua é mulher? O Roberto baseado no historiador Paulo Cesar fez um pequeno estudo da música brega e mostra como eles foram perseguidos no governo militar. Deu pra entender agora ou quer que eu desenhe?
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