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OS TUBARÕES DE PERNAMBUCO

Com suas tiradas sempre cheias de graça, o comunicador Geraldo Freire questionava de modo simplista na sua Super Manhã da Rádio Jornal, desta terça-feira, 23 de julho de 2013, de quem era a culpa por mais uma morte causada por tubarão, em Boa Viagem. Se do peixe ou da nova vítima, uma jovem de São Paulo, Bruna Gobbi, de apenas 18 anos de idade. E concluiu seu breve comentário afirmando peremptoriamente que o peixe estava no seu devido lugar, insinuando a responsabilidade dessa e das outras mortes por ataques de tubarão nos ombros das próprias vítimas.

Pois eu digo que não, os tubarões que atacam e matam, quase à beira das praias de Pernambuco, estão fora do seu lugar, de onde foram expulsos pelo desenvolvimento e pela gula sem limites dos nossos megaempresários, autênticos tubarõe$ do concreto, do asfalto.
Tudo começou nos anos 1960, com os primeiros estudos para a construção de um super porto em Pernambuco. Em 1978 foi criada a Empresa Suape e em 1984 começava a primeira etapa da obra de pedra e cal.

Nessa época, um grupo de ambientalistas pernambucanos abrigado na Aspan, Associação Pernambucana de Defesa da Natureza, e noutras entidades afins, já antecipava o futuro que viria com a destruição de mangues e dos estuários dos rios agredidos em nome do desenvolvimento, sem estudos sérios e confiáveis sobre a repercussão que a obra traria para todo o nosso Litoral. Um desses focos de resistência, a Aspan, que eu frequentava, reunia-se em Olinda na casa de Giusepe Baccaro, um italiano apaixonado por Olinda e por Pernambuco, que vivia na época na Vila de Nazaré, no Cabo de Santo Agostinho, um morro ao pé do qual começava a crescer o Porto de Suape, e que hoje ainda mora em Olinda.

Todos eram tachados de trogloditas e ecologistas atrasados e inimigos do desenvolvimento.
Se as agressões ao meio ambiente ficassem somente em Suape, ainda se toleraria. Mas, depois de Suape, que além dos tubarões trouxe a destruição das praias até Maria Farinha, veio a gula desenfreada dos super construtores, das megaempresas sem escrúpulos nem dó com uma qualidade de vida mínima para a população litorânea. Mais mangues destruídos, mais estuários de rios agredidos, como do Rio Timbó, em Maria Farinha, com suas margens privatizadas transformadas em píeres dos granfinos da aristocracia pernambucana, com saudades da casa grande e das senzalas das usinas de cana-de-açúcar e dos milicos de 1964. Pescadores nativos e verdadeiros donos de terrenos nessa área levaram muito pau no lombo e foram expulsos dali. Todos, mandados pra bem longe por “gente de bem”.

Hoje, Pernambuco tem um naco do seu Litoral privatizado nas mãos de uma grande Empresa, a Odebrecht, que transformou uma reserva da natureza em uma reserva imobiliária para bilionários estrangeiros e um pequenino grão de areia da elite burguesa brasileira. Além da destruição de mangues, até a nossa cultura foi vilipendiada, com a expulsão da Festa da Lavadeira do seu local natural. Não custa lembrar que nos últimos anos da Festa na Praia do Paiva, jogava-se pó de vidro e pregos pequenos para os visitantes ferirem-se no tradicional banho de lama, abandonando o lugar.

Mas é pouco! E o megaempresário que se assina por uma sigla, JCPM, e que diz ter orgulho de ser nordestino, e é patrão do comunicador, quis mais. Levantou na beira do mangue do Pina um imenso “shopping center”, sob a bênção do então prefeito João da Costa, para realizar seus sonhos megalomaníacos. Mas ainda estão achando pouco e outra grande Empresa  quer agora abocanhar a última área virgem do Recife, a Ilha do Zeca, para levantar as fabulosas torres que são a tara de seu proprietário no meio da lama, destruindo o que ainda resta do nosso mangue. Mas não faz mal, é tudo “gente de bem”, bem intencionada, vencedora e de sucesso.

E Geraldo Freire ainda vem dizer que o tubarão está no seu devido lugar. Não está, não, seu Geraldo! Os tubarões que vivem no seu devido lugar, sob a bênção dos poderes públicos, são os tubarões$ do concreto, do asfalto.

Ruy Sarinho / Olinda-PE

3 comentários:

  1. PAULO CAMELO, COMENTA:
    Parabéns ao Ruy Sarinho pelo brilhante artigo e nota zero para o comunicador ultrapassado Geraldo Freire.

    As Placas de Sinalização são insuficientes, para evitar novos acontecimentos deve ser instalado Redes de Proteção e Equipamentos Repelentes de Tubarões.
    Com a palavra, o "poste" Prefeito da Cidade do Recife, o Geraldo Júlio, e o seu padrinho e governador Eduardo Campos.

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  2. José Fernandes Costa25 de julho de 2013 às 16:18

    Dizem que o tubarão / estava no seu lugar / que a má sorte da Bruna / foi dele se aproximar! / Discordo dessa versão / visto que o tubarão / já estava à beira-mar. / Aquela jovem menina / que teve essa triste sina / queria só alegria. / Mas tudo veio ao contrário / na folha do calendário / aquele não foi seu dia. / A tristeza é imensa / e a dor é muito intensa / para quem vive essa cena. / Pra nós que estamos distantes / nas aflições lancinantes / oramos pela família. / Que nessa eterna vigília / a vida lhe seja amena./.

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  3. que texto massa. dá gosto de ler....

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