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LEMBRANÇAS DE GONZAGÃO E GONZAGUINHA

“Gonzaga – De Pai pra Filho”, o badalado filme de Breno Silveira (mesmo diretor de “Dois Filhos de Francisco) estreia hoje no Cine Eldorado Garanhuns e nas salas de cinema de todo o país. Os interessados em conferir o longa aqui na cidade terão quatro sessões a partir desta sexta: 13h50, 16h20, 18h50 e 21h20. 

Acredito que este é o 4º post que faço sobre o filme, passando algumas informações que julgo importantes para o leitor. Agora cada um tem a oportunidade de checar pessoalmente este trabalho, recebido com entusiasmo quando foi exibido numa pré-estreia no Rio de Janeiro, fato que se repetiu numa sessão para convidados no Cine São Luiz, no Recife.

GONZAGÃO E GONZAGUINHA - Particularmente sempre fui fã dos dois artistas. Tenho vários álbuns de pai e filho, alguns deles no velho vinil, que guardo com carinho. Os dois estão na série 100 Grandes Nomes da MPB, que escrevi especialmente para este blog e pretendo publicar em livro.

As lembranças mais antigas que tenho de Luiz Gonzaga estão relacionadas com uma vaquejada em Garanhuns. Eu era menino e assisti a apresentação do artista. Naquela época, naturalmente, eu não tinha noção da importância do cantor e compositor na história da Música Popular Brasileira.

Aos 18 anos fui morar na capital e influenciado pelo meu irmão mais velho e seus amigos universitários - a turma de Garanhuns na capital - comecei a ver Gonzagão com outros olhos. Descobri a sua poesia, o talento, a genialidade, nas composições memoráveis feitas em parceria com Zé Dantas e Humberto Teixeira.

Asa Branca, Assum Preto, Acauã, Vozes da Seca, Xote dos Cabeludos, Sanfona do Povo, A Triste Partida (do poeta cearense Patativa de Assaré), Cintura Fina, Ovo de Codorna, A Feira de Caruaru, Onde o Nordeste Garoa e muitas outras músicas do Velho Lua entraram dentro de mim desde que eu era muito jovem, correm no meu sangue, estão marcadas nos meus neurônios, eternizadas graças à beleza dos versos, da melodia e da voz única do cantor de Exu. Muitos terão sentimentos semelhantes ao meu, outros verão as coisas de outro modo, mas quase todo mundo ama Luiz Gonzaga.

TEATRO DO PARQUE - De Gonzaguinha lembro como se fosse hoje. Em 1978 eu fazia o primeiro ano do curso de jornalismo, na Unicap, e fui assistir uma apresentação do artista no Teatro do Parque, dentro do Projeto Seis e Meia. O espaço estava lotado, a sala ficou escura e no palco apareceu uma figura toda de branco, um homem magro, pálido, com barba rala e olhar meio triste.

"Minha mãe no tanque, lavando roupa
Minha mãe na cozinha, lavando louça

Lavando louça,
Lavando roupa,
Levando a luta, cantando um fado

Alegrando a labuta
Labutar é preciso menino
Lutar é preciso
Lutar é preciso...

Só voz e violão, uma letra riquíssima e a voz passando toda a emoção necessária para compreensão daquele som maravilhoso. "É Preciso", essa música com a qual Gonzaguinha começou o show naquela noite, tem quase oito minutos. Na minha opinião é uma das canções mais representativas da música nacional. Tenho o vinil aqui, o disco e a capa intactos e vez por outra escuto novamente esse álbum, pois consegui com um amigo que fosse feita uma cópia em CD.

DIFERENÇAS - Gonzaguinha era um cantor urbano, melancólico, da esquerda, com letras cortantes que perturbavam a ditadura militar. Seu pai fazia uma música focando nos valores do homem do campo, da natureza, retratando o Nordeste e os sertões. Era um homem alegre, de bem com a vida. Ao contrário do filho, tinha boas relações com os governos de então, gravou canções consideradas de protesto, como a citada "Vozes da Seca", mas também fez músicas de encomenda para os governantes ligados ao regime militar, como Marco Maciel.

A questão política, o fato de Gonzaguinha ter sido fruto de uma relação extra conjugal, tudo isso deve ter estremecido a relação entre os dois. O filme parece que mostra um pouco isso. Os dois começaram a se entender melhor na década de 80 (já perto do fim), quando fizeram uma turnê juntos e gravaram "Vida de Viajante". Nesta música, que foi regravada até por Chico Buarque, Luiz Gonzaga dá um recado a Gonzaguinha: "Olha o povão, meu filho, não esqueça do povão..."

Antes de morrer num acidente de carro, Luiz Gonzaga Júnior já estava sintonizado com o pai, não era apenas um artista de prestígio entre intelectuais e universitários. Sua música ficou mais conhecida e menos amarga, graças também a cantoras como Maria Betânia e Simone, que espalharam os versos do menino rebelde do Rio de Janeiro pelos quatro cantos do país.

Cada um dos leitores, principalmente se já passou dos 40 ou 50, terá lembranças de Luiz Gonzaga e Gonzaguinha. Saberá da importância dos dois para o Nordeste e o Brasil. O filme de Breno Silveira, acredito, vai ser um reencontro com os dois ídolos, que permanecem vivos através de sua música e agora dessa produção para o cinema.

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