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FERNANDO SABINO - ESCRITORES BRASILEIROS - 17º

Fernando Sabino escreveu perto de 50 livros, aí incluindo os romances, novelas, crônicas, contos, relatos de viagem e obras dedicadas ao público infantil.

O escritor nasceu em Minas, no dia 12 de outubro de 1923. Curioso esse fato de ter vindo ao mundo no Dia da Criança. O autor, que morreu um dia antes de completar 81 anos, fez questão de valorizar a vida toda o espírito infantil. Tanto que, a seu pedido, o seu epitáfio é o seguinte: “Aqui jaz Fernando Sabino, que nasceu homem e morreu menino”.

Fernando Tavares Sabino demonstrou interesse pela gramática e pelos livros desde pequeno. Lia até pelas ruas, andando,  e mais de uma vez bateu com a cabeça em árvores, entretido com romances policiais, principalmente os de Edgar Wallace e Conan Doyle.

Em Minas, o futuro escritor conviveu desde criança com Hélio Pellegrino, seu companheiro de escola, e depois com Otto Lara Resende e Paulo Mendes Campos. Essa turma formaria um quarteto e tanto na literatura brasileira, produzindo ao longo de décadas uma respeitada obra nas áreas da crítica literária, do romance, conto e crônica. Todos já se foram, o último deles justamente Sabino.

Além dos romances para adultos e crianças, dos contos e crônicas, Fernando atuou ativamente no jornalismo. Escreveu primeiro nos jornais de Belo Horizonte e mais tarde, já consagrado,  publicou regularmente seus textos no Jornal do Brasil, Revista Senhor e O Globo.

Para o JB, que durante muito tempo foi o principal diário do Rio de Janeiro e um dos principais jornais do país, foi correspondente na cobertura da Copa do Mundo de 1966, realizada na Inglaterra.

Fernando Sabino concluiu o curso de Direito, mas nunca exerceu a profissão. Antes de viver exclusivamente como escritor e jornalista exerceu empregos públicos, tanto em Minas, quanto no Rio e até no exterior.

O intelectual mineiro fez grandes amizades nos meios literários. Além dos já citados Paulo, Hélio e Otto, ele esteve próximo de Carlos Drummond de Andrade, Vinicius de Moraes, Clarice Lispector, Mário de Andrade, Rubem Braga, Manuel Bandeira, dentre outros que se tornaram ícones da literatura nacional.

Nem só das letras, contudo, vivia Fernando Sabino. Foi um nadador excepcional e colecionou prêmios em várias competições nacionais, principalmente em cidades de Minas Gerais.

Um dos seus primeiros livros é “Cidade Vazia”, publicado em 1950, reunindo crônicas que falam de sua experiência americana. Sabino morou dois anos em Nova Iorque.

“O Encontro Marcado”, publicado em 1956, é possivelmente o grande romance escrito por Fernando Sabino. É uma obra envolvente, intimista, numa prosa boa de ser ler, discutindo o sentido da vida a partir da história de Eduardo. É um personagem com o qual muitos jovens - e também pessoas da meia idade - poderão se identificar.

O livro, com toques autobiográficos, termina sendo a história de uma geração. Toca fundo no coração, na alma das pessoas, daí a razão do seu sucesso. "O Encontro Marcado" teve sucessiva edições no Brasil e foi traduzido para diversos países, como Inglaterra, França, Estados Unidos e Alemanha.

Outros livros mais conhecidos de Fernando Sabino são «O Grande Mentecapto», adaptado para o cinema e teatro, e "O Homem Nu". Este último é o nome de um conto que também chegou ao cinema numa boa adaptação, tendo o ator Cláudio Marzo no papel principal.

Em 1991 o escritor publicaria "Zélia, uma paixão", relatando a vida da ex-ministra do Governo Collor, Zélia Cardoso de Melo. É o mesmo Fernando Sabino, com seu texto enxuto e objetivo, contando com a competência de sempre uma história interessante de se ler.

A obra, no entanto, lançada num momento particularmente delicado da vida política brasileira, gerou polêmica e marcou negativamente Fernando Sabino. Até a sua morte ele teria de amargar a incompreensão de muitos que não aceitaram essa biografia.

Fernando Sabino, contudo, foi reconhecido ainda em vida tanto pelo público quanto pela intelectualidade. Em 1999 recebeu da Academia Brasileira de Letras o prêmio Machado de Assis - considerado o maior do país - pelo conjunto de sua obra. O prêmio de R$ 40 mil foi doado pelo escritor a uma instituição de crianças carentes.

Este foi Fernando Sabino, que nasceu homem e morreu menino, mas que pode ser descoberto ou revisto nas dezenas de obras literárias legadas à posteridade.

Abaixo um trecho de "Encontro Marcado", considerado por muitos como o melhor livro de Fernando Sabino:


"Eduardo era filho único. Fazia de tudo para manter sempre seu lugar de destaque naquela família. era mimado, cheio de vontades e de atrevimentos, estava sempre a testar o limite das pessoas, como qualquer garoto de sua idade. Os pais não sabiam muito bem como lidar com as estranhezas temperamentais do filho, que amolava a empregada, esperneava para ir à escola, chantageava por qualquer coisa. Uma vez descobriu que arranhando o rosto deixava os pais atônitos. Pronto! Por qualquer bobagem machucava-se até sangrar. Era um desespero de menino mimado, prenúncio de um jovem sem limites. 

Eduardo sempre precisava de um desafio para atingir alguma conquista. Certa vez, interessou-se por uma colega da escola que era ótima aluna. Foi o prenúncio da paixão, pela menina e pela vontade de ultrapassar seus limites. Estudou até conseguir o primeiro lugar na sala, ao lado de Lêda, a garota das notas boas. Alcançando assim o objetivo, Lêda deixa de ser o alvo de suas atenções. O episódio deu a Eduardo a medida exata de suas possibilidades. estava, então, com onze anos. 

Tinha todas as curiosidades de sua época, como a descoberta de sua sexualidade, por exemplo. Estava sempre atento para as novidades, quem dormia com quem, quem tinha doença, com quem tinha pego... 

Era um garoto precoce. Logo cedo destacou-se por seu talento na escrita; inscreveu-se numa maratona intelectual e ganhou o segundo lugar, um prêmio em dinheiro que foi buscar no Rio de Janeiro. Ficou por lá gastando o dinheiro do prêmio até acabar".

Um comentário:

  1. Gostei muito deste comentário, ótimo texto sobre o grande escritor Fernando Sabino. Tenho várias obras dele e sempre que posso as releio com muito prazer. Suas estórias são simples,coloquiais e muito bem escritas. Ele não complica,faz seu ofício com extrema competência. Parabéns pelo texto.

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