PREFEITURA MUNICIPAL DE GARANHUNS
CONTEXTO
AMUPE PROMOVE ENCONTRO DE PREFEITOS
O CENSO EM DISCUSSÃO
PESSOAS DO BEM
GLÁUCIO COSTA FAZ A FESTA EM CAPOEIRAS
PROFESSORES SE REÚNEM NA AESGA
CALYPSO FAZ EXCURSÃO À EUROPA
GARANHUNS EDUCA PARA O TRÂNSITO
O FENÔMENO JUSTIN BABIER
AESGA INSCREVE PARA VESTIBULAR ATÉ DIA 7
AÇÃO DO PAC CHEGA A BOM CONSELHO
SÃOBENTENSE HOMENAGEADA EM BRASÍLIA
GAFE NO JORNAL NACIONAL
*O titular do blog também confundiu os nomes. Inicialmente escrevi que o militar tinha se referido a Ana Paula Padrão, ex-Globo, atualmente na Record. Foi a "gafe da gafe". Advertido pela atenta leitora Lucinha Peixoto fiz a correção no texto.
A POLÍTICA EM SÃO BENTO E NO AGRESTE
SECRETÁRIO ENCERRA EXPOSIÇÃO EM GARANHUNS
NOVAS FOTOS DA CAMINHADA ECOLÓGICA
FILMES INESQUECÍVEIS XLII
COMERCIANTES SATISFEITOS
BANDEIRANTES EXIBE ESPECIAL SOBRE LULA
ALBERGUES: HOSPEDAGEM BARATA NO RECIFE
*Na foto o Piratas da Praia, um dos albergues citados na matéria.
OSVALDO MONTENEGRO E FERREIRA GULLAR
Ferreira Gullar, para muitos o maior poeta vivo da língua portuguesa,
escreveu "Traduzir-se", que ficou conhecida por "meio
mundo", após ser musicada pelo cantor Fagner.
"Metade", poema de Osvaldo Montenegro, lembra muito os versos
espalhados ao vento pelo cearense. Através do blog "Sopa de Poemas",
ficamos sabendo que Gullar acusou Montenegro de plágio e este negou. As duas
poesias são lindas, com muitas semelhanças e algumas diferenças.
De acordo com a Assessoria de Oswaldo Montenegro, o poema “METADE” foi escrito e publicado em 1974 no libreto de sua peça “João sem Nome”. Já poema “Traduzir-se”, de Ferreira Gullar, foi publicado em 1980, em seu livro “Na vertigem do dia”. Ou seja, seis anos após a publicação do poema “Metade”, de Oswaldo Montenegro.
METADE - Oswaldo Montenegro
Que a força do medo que tenho
Não me impeça de ver o que anseio
Que a morte de tudo em que acredito
Não me tape os ouvidos e a boca
Porque metade de mim é o que eu grito
Mas a outra metade é silêncio.
Que a música que ouço ao longe
Seja linda ainda que tristeza
Que a mulher que eu amo seja pra sempre amada
Mesmo que distante
Porque metade de mim é partida
Mas a outra metade é saudade.
Que as palavras que eu falo
Não sejam ouvidas como prece
e nem repetidas com fervor
Apenas respeitadas
Como a única coisa que resta
a um homem inundado de sentimentos
Porque metade de mim é o que ouço
Mas a outra metade é o que calo.
Que essa minha vontade de ir embora
Se transforme na calma e na paz que eu mereço
Que essa tensão que me corrói por dentro
Seja um dia recompensada
Porque metade de mim é o que eu penso
mas a outra metade é um vulcão.
Que o medo da solidão se afaste,
e que o convívio comigo mesmo
se torne ao menos suportável.
Que o espelho reflita em meu rosto um doce sorriso
Que eu me lembro ter dado na infância
Por que metade de mim é a lembrança do que fui
A outra metade eu não sei.
Que não seja preciso mais do que uma simples alegria
Pra me fazer aquietar o espírito
E que o teu silêncio me fale cada vez mais
Porque metade de mim é abrigo
Mas a outra metade é cansaço.
Que a arte nos aponte uma resposta
Mesmo que ela não saiba
E que ninguém a tente complicar
Porque é preciso simplicidade pra fazê-la florescer
Porque metade de mim é plateia
E a outra metade é canção.
E que a minha loucura seja perdoada
Porque metade de mim é amor
E a outra metade também.
TRADUZIR-SE - Ferreira Gullar
Uma parte de mim
é todo mundo:
outra parte é ninguém:
fundo sem fundo.
Uma parte de mim
é multidão:
outra parte estranheza
e solidão.
Uma parte de mim
pesa, pondera:
outra parte
delira.
Uma parte de mim
almoça e janta:
outra parte
se espanta.
Uma parte de mim
é permanente:
outra parte
se sabe de repente.
Uma parte de mim
é só vertigem:
outra parte,
linguagem.
Traduzir-se uma parte
na outra parte
- que é uma questão
de vida ou morte -
será arte?
GRANDES NOMES DA MPB XLVII
Belchior morou no Nordeste até 1970 e se apresentou em festivais da região de 1965 até começar a nova década, quando decidiu tentar a sorte no Rio de Janeiro. Na chamada “cidade maravilhosa”, hoje assombrando o mundo por conta do crime organizado, chamou a atenção pela primeira vez, no meio artístico, ao vencer o IV Festival Universitário de MPB. Ainda em Fortaleza, o compositor iniciou o Curso de Medicina. Em 71, no RJ, o amor pelas canções se impôs definitivamente.
Elis Regina, a grande cantora brasileira dos anos 60 e 70, acostumada a gravar compositores novos e torná-los conhecidos do grande público, incluiu no seu disco de 1972 a música Mucuripe, uma composição de Belchior e Fagner muito significativa na vida dos dois cearenses. Em 1974 está canção seria gravada também por Roberto Carlos, que até então reinava absoluto no mundo da música popular do Brasil.
Com a gravação do primeiro compacto simples, que tinha uma das faixas Na Hora do Almoço, Belchior ainda não chegou às paradas de sucesso. Nem seu primeiro LP, Mote e Glosa, lançado pela Continental, em 1974, teve grande repercussão. Mas Alucinação, o vinil de 1976, pôs o artistas nas paradas de Norte a Sul e ele virou cult, principalmente entre o público jovem e universitário.
O disco trazia 10 faixas, todas elas assinadas por Belchior e a maioria delas foi sucesso no país, executadas exaustivamente nas AMs e nas FMs, estas últimas começando a se espalhar nas capitais. Apenas Um Rapaz Latino-Americano, Velha Roupa Colorida, Como Nossos Pais, Sujeito de Sorte, Como o Diabo Gosta, Alucinação, Não leve Flores, A Palo Seco, Fotografia 3 x 4 e Antes do Fim, fazem deste vinil um dos melhores álbuns brasileiros dos anos 70, inclusive com um belíssimo trabalho de capa, que foi escolhida entre as mais criativas da década.
Pouco tempo depois Elis Regina voltaria a gravar Belchior, com grandes interpretações de Velha Roupa Colorida e Como Nossos Pais. Esta última, incluída no disco de 76 da cantora, se transformou numa espécie de Hino da Juventude da época e quem não conhecia o compositor cearense passou a conhecê-lo e admirá-lo.
No ano seguinte o cearense lançou Coração Selvagem, outro bom disco, incluindo hits como Paralelas, Todo Sujo de Baton e Galos Noites e Quintais, músicas que estão entre as mais representativas de sua carreira. A faixa título tem uma letra muito bonita, na linha dos grandes sucessos do álbum Alucinação. Paralelas e Todo Sujo de Baton receberam regravações de outros artistas brasileiros, inclusive uma boa versão da cantora Vanusa, já então meio desaparecida do cenário musical do país. "Galos Noites e Quintais", seria regravada por Jair Rodrigues, numa arrojada interpretação do cantor de "Disparada".
Outro grande êxito da carreira do cearense é a música Comentário a Respeito de John, que em alguns sites é apontada como uma homenagem a Lennon. A letra, contudo, em certos trechos, parece direcionada ao ditador brasileiro João Batista Figueiredo, último dos presidentes da República do regime militar pós 64.
“Saia do meu caminho, eu prefiro andar sozinho, deixe que eu decida a minha vida...”, canta Belchior nesta bela música.
Pessoalmente, tive a satisfação de ter assistido shows em teatro ou nos Festivais de Inverno de Garanhuns de grandes nomes da MPB, como Fagner, Ednardo, Gonzaguinha, Elis Regina, Simone, Cássia Eller, Gal Costa, Caetano Veloso, Maria Betânia, Gilberto Gil, Ney Matogrosso, Adriana Calcanhoto, Zé Ramalho, Geraldo Azevedo, Aleceu Valença, Zizi Possi e João Bosco, dentre muitos outros. O Belchior, no entanto, foi o único desse grande time que nunca tinha visto no palco.
Tive opotunidade de acompanhar um show que ele fez em Garanhuns, em 2004 ou 2005, num desses festivais de músicas promovidos pelo deputado estadual Izaías Régis. Tinha um bom público para assisti-lo e o artista, nesse tempo já fora da mídia e desconhecido por grande parte das novas gerações, parecia gratificado. Fez uma bela apresentação que encantou os presentes, as pessoas que gostam da boa música brasileira. A sua voz, que sempre me pareceu um problema, nos discos, no palco é muito melhor e fiquei muito feliz de estar vendo o cantor e compositor cearense ali, já coroa, “mandando brasa”, provando que talento não desaparece.
No início deste ano, no Brasil, o artista gravou um depoimento para o filme “O Homem que Engarrafava Nuvens”, de Lírio Ferreira. O longa é um documentário em homenagem ao compositor Humberto Teixeira, nascido em Iguatu, no Ceará, autor de Asa Branca junto com Luiz Gonzaga.
Belchior está bem vivo e lúcido. Imagino que não pensa em sumir. De todo modo seu nome já está cravado na música popular brasileira com músicas e versos como os de Tudo Outra Vez, uma de suas mais belas canções:
"Há tempo, muito tempo
Que eu estou
Longe de casa
E nessas ilhas
Cheias de distância
O meu blusão de couro
Se estragou
Oh! Oh! Oh!...
Ouvi dizer num papo
Da rapaziada
Que aquele amigo
Que embarcou comigo
Cheio de esperança e fé
Já se mandou
Oh! Oh! Oh!...
Sentado à beira do caminho
Prá pedir carona
Tenho falado
À mulher companheira
Quem sabe lá no trópico
A vida esteja a mil...
E um cara
Que transava à noite
No "Danúbio azul"
Me disse que faz sol
Na América do Sul
E nossas irmãs nos esperam
No coração do Brasil...
Minha rede branca
Meu cachorro ligeiro
Sertão, olha o Concorde
Que vem vindo do estrangeiro
O fim do termo "saudade"
Como o charme brasileiro
De alguém sozinho a cismar...
Gente de minha rua
Como eu andei distante
Quando eu desapareci
Ela arranjou um amante
Minha normalista linda
Ainda sou estudante
Da vida que eu quero dar...
Até parece que foi ontem
Minha mocidade
Com diploma de sofrer
De outra Universidade
Minha fala nordestina
Quero esquecer o francês...
E vou viver as coisas novas
Que também são boas
O amor, humor das praças
Cheias de pessoas
Agora eu quero tudo
Tudo outra vez..."
(Fontes de Consulta: Enciclopédia da Música Brasileira, Click Music, Folha de São Paulo Online, Portal G1 e discografia do artista)
AUMENTA NÚMERO DE LEITORES DO BLOG
Visualizações de página hoje - 1.146
Visualizações de página ontem - 1.789
Visualizações de página do mês passado - 34.923
**No twitter siga Joserobertoal
VISITA A SÃO BENTO DO UNA
UMA BELA INICIATIVA EM IBIRAJUBA
CONTOS DE NATAL NA BIBLIOTECA
OS 25 ANOS DE UMA ESCOLA PÚBLICA
DESFILE FASHION MOVIMENTA A AGA
A GUERRA NO RIO DE JANEIRO
*Na foto publicada nesta quinta-feira na Veja Online, a imagem de guerra no Rio de Janeiro.