Dei uma olhada no blog agora e achei um pouco árido. Tirando o Festival, tem muita política. Sim, temos de escrever sobre política, afinal é um ano de eleição presidencial. Mas que tal abrir uma pausa para a poesia? Os versos abaixo são de Marília Jackelyne. Garanhuense, filha de pais capoeirenses, para quem não sabe:
A CARAS DA SEMANA - ou quando eu for artista
Quando eu for artista, não vou falar de coisas tristes.
Também não quero pintar quadros disformes
E nem pendurar coisas estranhas no teto de galerias lúgebres.
Quando eu for artista, vou querer falar de flores e borboletas.
Ter a estética sincera dos rabiscos infantis
E criar mundos inteiros em massa de modelar.
Quando eu for artista, não vou querer ser triste.
Vou fazer arte no barulho,
Sentada num banco de rua
Batendo papo com um passarinho urbano e desbocado
Tomando água com gás
Enquanto as pessoas passam ensimesmadas
Julgando-me louca.
Mas, afinal, não fosse eu,
Quem iria discutir com o passarinho sobre o futuro da humanidade?
Serei uma artista séria
Pessoas sérias precisam discutir assuntos sérios.
Um dia, quando eu for artista,
Vou criar uma obra chamada bom dia
Vai ser uma obra móvel, viva
E por causa dela, dirão bom dia aos transeuntes.
Também enviarei para todos os meus conhecidos
E principalmente para os desconhecidos
Raios de sol por telegrama
E brisa noturna por telefone
Mandarei a todos, por e-mail,
Felicidade no anexo
E por scrap enviarei cacos de arco-íris.
Quando eu for artista
Eu serei leve e lângida
Voarei pelos ares com mil caras e mil cores
Escreverei versos vivos, barulhentos e sorridentes
Falando do pão francês e de café colorido
Farei um romance falando do cientista que casou com a princesa
E adotou sete anões.
A madrasta será boa e a princesa será comunista.
Pintarei nos muros, nos rostos
Esculpirei felicidade
E depois de tudo isso,
Exausta de tanto ser artista,
Sairei sorrindo
Na capa da revista Caras.
(Do Blog Ainda Podia Ser Pior. Na ilustração temos o quadro "Colheita de Milho", da artista plástica carioca Cláudia Thomaz).
A CARAS DA SEMANA - ou quando eu for artista
Quando eu for artista, não vou falar de coisas tristes.
Também não quero pintar quadros disformes
E nem pendurar coisas estranhas no teto de galerias lúgebres.
Quando eu for artista, vou querer falar de flores e borboletas.
Ter a estética sincera dos rabiscos infantis
E criar mundos inteiros em massa de modelar.
Quando eu for artista, não vou querer ser triste.
Vou fazer arte no barulho,
Sentada num banco de rua
Batendo papo com um passarinho urbano e desbocado
Tomando água com gás
Enquanto as pessoas passam ensimesmadas
Julgando-me louca.
Mas, afinal, não fosse eu,
Quem iria discutir com o passarinho sobre o futuro da humanidade?
Serei uma artista séria
Pessoas sérias precisam discutir assuntos sérios.
Um dia, quando eu for artista,
Vou criar uma obra chamada bom dia
Vai ser uma obra móvel, viva
E por causa dela, dirão bom dia aos transeuntes.
Também enviarei para todos os meus conhecidos
E principalmente para os desconhecidos
Raios de sol por telegrama
E brisa noturna por telefone
Mandarei a todos, por e-mail,
Felicidade no anexo
E por scrap enviarei cacos de arco-íris.
Quando eu for artista
Eu serei leve e lângida
Voarei pelos ares com mil caras e mil cores
Escreverei versos vivos, barulhentos e sorridentes
Falando do pão francês e de café colorido
Farei um romance falando do cientista que casou com a princesa
E adotou sete anões.
A madrasta será boa e a princesa será comunista.
Pintarei nos muros, nos rostos
Esculpirei felicidade
E depois de tudo isso,
Exausta de tanto ser artista,
Sairei sorrindo
Na capa da revista Caras.
(Do Blog Ainda Podia Ser Pior. Na ilustração temos o quadro "Colheita de Milho", da artista plástica carioca Cláudia Thomaz).
Roberto, obrigada pela lembrança, sempre carinhosa!
ResponderExcluirAbração